Richa anuncia vacinação contra dengue para 500 mil pessoas

CURITIBA (ANPr) – O governador Beto Richa lançou, terça-feira, a campanha de vacinação contra a dengue no Paraná e anunciou que 500 mil pessoas serão imunizadas nos 30 municípios com maior circulação viral da doença. A vacinação começa dia 13 de agosto.
O Paraná é o primeiro das Américas a fazer uma campanha pública contra a dengue. O Governo do Estado investirá R$ 50 milhões na aquisição da vacina.
Na solenidade, realizada em Paranaguá, com a presença do ministro da Saúde, Ricardo Barros, o governador assinou protocolo com a empresa francesa fabricante da vacina, a Sanofi Pasteur, para a aquisição das 500 mil doses. Já no lançamento da campanha, dez pessoas foram vacinadas.
A meta é vacinar pelo menos 80% do público alvo. No Dia D da campanha, em 13 de agosto (sábado), os postos de saúde ficarão abertos durante todo o dia. A campanha segue por três semanas, até 31 de agosto, nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios contemplados.
“Lançamos a primeira campanha pública de vacinação contra a dengue das Américas, graças ao esforço da nossa Secretaria da Saúde, que tem demonstrado muita competência e qualificação em suas ações. Além da vacina, lançamos também testes multiplex para diagnóstico da dengue, zica e chikungunya”, disse o governador.
Richa lembrou que a vacina contra a dengue será aplicada em três doses, no espaço de seis meses, garantindo imunização até o verão para proteger os paranaenses de novas epidemias como aconteceu em Paranaguá, neste ano.
O governador destacou que o Paraná tem capacidade técnica e infraestrutura adequada para incorporar uma vacina nova no sistema público.
"Somos um dos melhores sistemas públicos de saúde do País e nossas campanhas de vacinação alcançam as melhores coberturas. Tudo isso nos credencia a inovar para avançar no controle da doença no Estado".
DIFERENCIADA – O ministro Ricardo Barros enalteceu a decisão do Governo do Paraná. “O Governo do Paraná inicia a vacinação, com seus próprios recursos, o que certamente protegerá a população do Estado de forma diferenciada”, afirmou Barros.
Ele explicou que, por enquanto, não há previsão orçamentária e nem autorização da Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias para o SUS (Conitec) para incorporação da vacina pelo Ministério da Saúde.
“Combater o mosquito Aedes aegypti é prioridade do Ministério. A população que não descanse no combate ao mosquito, que transmite outras doenças, além da dengue”, afirmou ele.
AUMENTOU TRÊS VEZES – A decisão de vacinar a população é uma estratégia a mais para controlar a dengue no Paraná e não substitui os cuidados necessários para o controle do mosquito Aedes aegypti.
O repasse de recursos do Governo do Estado para o controle do mosquito transmissor da dengue já atingiu mais de R$ 120 milhões, sem, no entanto, evitar novas epidemias da doença.
A incidência de dengue no Paraná aumentou três vezes de 2013 a 2015. Em relação ao último período epidemiológico (agosto de 2015 a julho de 2016), o número de casos de dengue aumentou em 55%. Mais de 80% da população do Estado, cerca de 9 milhões de pessoas, vive em áreas com circulação viral.
"Com a incorporação da vacina em municípios epidêmicos, será possível diminuir a circulação viral de dengue no Estado, protegendo indiretamente também as pessoas não imunizadas", explica o secretário de Estado da Saúde em exercício, Sezifredo Paz.

Secretaria da Saúde prepara a estratégia da campanha
Depois do lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, a Secretaria da Saúde prepara a campanha nos 30 municípios priorizados.
“No dia 6 de agosto vamos reunir os profissionais de saúde envolvidos com a imunização dos 30 municípios contemplados para uma ampla capacitação sobre a vacina e sobre a estratégia da campanha”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde, Cleide Oliveira.
A Escolha dos municípios foi baseada na epidemiologia da doença no Paraná, considerando os municípios com três epidemias ou mais nos últimos cinco períodos, entre 2010 e 2015; incidência atual com corte acima de 500 casos/100.000 habitantes; número de hospitalização por dengue grave; número de hospitalização por dengue e distribuição etária dos casos de dengue no período atual (agosto de 2015 a julho de 2016).
Após estudos técnicos feitos pela Secretaria da Saúde, foi definido que em 28 dos municípios paranaenses priorizados para a campanha, a população a ser vacinada abrange a faixa etária entre 15 e 27 anos. Essa faixa concentra cerca de 30% dos casos de dengue no Paraná.
A meta é vacinar pelo menos 80% do público alvo. O Dia D da campanha será realizado no sábado, 13 de agosto, com postos de saúde abertos durante todo o dia. A campanha segue por três semanas, de 13 a 31 de agosto nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios contemplados.

MUNICÍPIOS CONTEMPLADOS, POR REGIONAL DE SAÚDE (RS):
1ª RS – Paranaguá
Paranaguá
9ª RS – Foz do Iguaçu
Foz do Iguaçu
Santa Terezinha de Itaipu
São Miguel do Iguaçu
10ª RS – Cascavel
Boa Vista da Aparecida
12ª RS – Umuarama
Tapira
14ª RS – Paranavaí
Santa Isabel do Ivaí
Cruzeiro do Sul
15ª RS – Maringá
Santa Fé
Munhoz de Melo
Marialva
Paiçandu
São Jorge do Ivaí
Maringá
Mandaguari
Sarandi
Iguaraçu
17ª RS – Londrina
Assai
Ibiporã
Jataizinho
Porecatu
Bela Vista do Paraíso
Cambé
Londrina
Sertanópolis
18ª RS – Cornélio Procópio
Leópolis
São Sebastião da Amoreira
Itambaracá
19ª RS – Jacarezinho
Cambará
20ª RS – Toledo
Maripá

OMS recomenda a vacina para ampliar combate à doença
Em abril de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso da vacina contra a dengue em países endêmicos, como é o caso do Brasil, reconhecendo a necessidade de ampliar estratégias de combate à doença.
A divulgação da recomendação da OMS veio uma semana depois de o Governo do Paraná anunciar a decisão de adquirir as vacinas para utilização em cidades que enfrentam situação crítica para a dengue.
Segundo a OMS, o impacto da dengue em termos de custo médico e dias de trabalho perdidos é significativo. Estudos apontam custo médio de US$ 1.500 por paciente e 18,9 dias de trabalho perdidos.
"Tendo como base esse cálculo e o registro de mais de 55 mil casos neste período epidemiológico, o custo estimado da dengue no Paraná chega a mais de R$ 330 milhões por ano, o que nos dá respaldo para adotar essa importante estratégia de prevenção", explica Sezifredo Paz.
Em 1950, apenas nove países enfrentavam epidemias de dengue. Atualmente esse número chega a 100 países. O Brasil concentra 60% dos casos de dengue das Américas. No atual período epidemiológico, entre agosto de 2015 e julho de 2016, o Estado registrou mais de 55 mil casos da doença e 61 mortes em decorrência da dengue.

Vacina é pioneira e foi aprovada pela Anvisa
A Dengvaxia, vacina produzida pela empresa francesa Sanofi Pasteur é pioneira no mundo e foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2015, depois de 20 anos de pesquisa e a comprovação de sua efetividade. É indicada para prevenção da dengue causada pelos sorotipos 1, 2, 3 e 4 para pessoas entre 9 e 45 anos, vivendo em áreas endêmicas.
Para garantir sua efetividades, são necessárias três doses, com 6 meses de intervalo entre elas. A primeira dose da vacina garante 70% de efetividade, sendo que são necessárias a segunda e a terceira doses para garantir resposta imunológica adequada. As principais contraindicações são para gestantes, mães que amamentam e imunodeprimidos.
A vacina é eficaz contra todos os tipos de dengue (4 sorotipos), oferece 93% de redução contra as formas graves da doença (aquelas que levam ao óbito, como a dengue hemorrágica) evita 8 a cada 10 hospitalizações, reduzindo os gastos com internações, e previne dois a cada três casos de dengue. Os resultados alcançados com a vacina estão em linha com a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de reduzir a mortalidade por dengue em, pelo menos, 50% e a morbidade em, pelo menos, 25% até 2020.