Indústria paranaense registra quedas em vendas, compras e emprego
O estudo aponta ainda queda de pessoal empregado total e do empregado na produção na comparação dos mesmos dois períodos – retração de 2,95% e 0,60%, respectivamente – e encolhimento também das compras industriais nos primeiros quatro meses de 2016 contra o primeiro quadrimestre de 2015: decréscimo de 4,79%.
"A instabilidade política deste início de ano não tem permitido vislumbrar reação da indústria paranaense", aponta Roberto Zurcher, economista da Fiep.
Para a entidade, a falta de objetivos claros e definidos da política econômica, especialmente vinculados à política industrial, não favorece a retomada dos investimentos.
Como resultado, viu-se o encolhimento da indústria brasileira em 7,3% nos primeiros três meses do ano contra o mesmo período de 2015 e a redução de 17,5% nos investimentos também se confrontado os primeiros trimestres deste ano e do exercício anterior, conforme dados do PIB divulgados pelo IBGE.
"Esses resultados colocam em xeque a possibilidade de recuperação do crescimento no futuro próximo", completa. A expectativa da Fiep é que uma eventual interrupção no processo de queda do PIB possa sinalizar o caminho da estabilidade da economia do País.
VENDAS – As exportações cresceram 18,03% nos quatro primeiros meses do ano diante do mesmo período de 2015, mas houve redução de 0,85% nas vendas no Paraná e de 12,79% nas vendas para outros Estados.
Além da queda no acumulado do ano, o indicador de vendas industriais registrou também redução na comparação mês a mês, já que o volume registrado em abril foi 0,56% menor em relação a março. "A redução contraria a tradição do quarto mês do ano, quando historicamente o setor inicia o período de retomada mais firme e objetiva da atividade industrial", avalia Zurcher.
A retração em abril na comparação com março foi influenciada diretamente pelo desempenho negativo em 12 dos 18 gêneros pesquisados. As maiores quedas foram observadas em produtos de metal, com retração de 30,66%; vestuário, com queda de 20,83%, e borracha e plásticos, que encolheu 12,53%.
Já no quadrimestre do ano contra igual período de 2015, as retrações mais significativas foram as observadas em móveis e indústrias diversas (-36,57%), produtos químicos (-28,95%) e vestuário (-25,95%).
Também na comparação mensal, dois dos três ramos de maior participação relativa na indústria do Estado apresentaram aumento: veículos automotores, alta de 7,79%, e alimentos e bebidas, elevação de 0,78%. Se comparado, porém, os primeiros quatro meses deste ano contra os do período passado, os maiores acréscimos foram em edição e impressão, de 15,75%, e alimentos e bebidas, de 5,21%.
Compras
Em abril contra março, as compras de insumos acompanharam o desempenho das vendas, registrando redução de 0,95%. "O resultado indica incerteza com relação ao comportamento futuro da produção", aponta Zurcher. As importações e as compras realizadas no Estado diminuíram 3,21% e 2,68%, respectivamente.
Comparados os quadrimestres de 2016 e 2015, os resultados são positivos para compras no Paraná, com alta de 5,54% e negativos para as de origem em outros Estados, com queda de 6,30%, e do exterior, com retração de 25,06%.
Também no acumulado dos quatro primeiros meses comparados ao mesmo período de 2015, os gêneros que apresentaram as maiores reduções foram produtos químicos (-39,11%), móveis e indústrias diversas (-35,55%) e máquinas e equipamentos (-28,12%). Já as maiores expansões foram em celulose e papel (9,84%), minerais não metálicos (6,21%) e alimentos e bebidas (5,12%).
Emprego
Na comparação mensal, o emprego diretamente ligado à produção caiu 0,39%. Já no indicador de emprego total, a queda foi de 0,36%.
A análise do quadrimestre deste ano contra o de 2015 mostra que, dos 18 gêneros avaliados, apenas cinco se mostraram positivos quanto ao emprego. Os maiores aumentos foram 5,03% em máquinas, aparelhos e materiais elétricos; 2,03% em madeira; e 1,71% em vestuário. As maiores quedas se apresentaram em refino de petróleo e produção de álcool, com recuo de 24,92%; metalúrgica básica, que retraiu 24,69%; e máquinas e equipamentos, que encolheu 18,21%.
Houve queda de abril ante março na massa salarial líquida, que recuou 1,13%. As horas trabalhadas se elevaram em 17,95%, e a utilização da capacidade instalada subiu um ponto percentual, chegando a 72%. O nível é um ponto percentual inferior ao computado em abril de 2015.