Lorenzetti: “Não existe futuro para um povo que não preserva sua memória”
A cerimônia foi acompanhada por diversos membros da comunidade artística da cidade, além de visitantes com suas famílias e o vereador José Galvão, que representou a Câmara Municipal.
“As possibilidades humanas são fantásticas, mas elas são baseadas nas experiências e na história daqueles que nos antecederam. Preservar a memória é fundamental para qualquer comunidade. Não existe futuro para um povo que não preserva sua memória”, destacou o prefeito Lorenzetti.
A expectativa do prefeito é de que a preservação da memória e da história de Paranavaí possa continuar sendo construída ao longo dos anos. “Este é um espaço que ainda tem muito para crescer. Acredito que a comunidade ainda tem muito a contribuir para colocar itens neste acervo, acrescentar mais memória e mais história ao nosso Museu. A boa notícia é que a partir de agora nosso Museu tem um lugar próprio, uma casa, e provavelmente daqui ele só sairá para um equipamento maior, para ajudar a preservar a memória dos nossos pioneiros”.
Rogério Lorenzetti lembrou do pioneirismo de sua família, da saga dos pioneiros que construíram com “muita valentia e coragem” a cidade de Paranavaí.
“Nossa cidade ainda é jovem e ela é viva, está sempre se transformando, tem muito mais para crescer e muitas memórias ainda para acrescentar a este Museu. Não sabemos como Paranavaí será daqui a cem, ou a mil anos. Mas nós teremos um pedacinho da nossa memória aqui preservada. Por isso a importância de um Museu, de termos a história preservada”, finalizou o prefeito.
Para a diretora do Museu e da Casa da Cultura, Rosi Sanga, a concretização do Museu só foi possível graças à participação da comunidade. Lembrou que desde 2007 começou a “garimpar” cada peça que está no Museu.
“Este é um trabalho difícil, mas devo gratidão a cada pioneiro e cada membro da comunidade que nos recebeu em suas casas, seja para fazer as nossas entrevistas, como também para nos contemplar com um pouquinho do seu tesouro. Cada coisinha que tem aqui, que nós no Museu chamamos de acervo, cada uma destas peças pode parecer uma coisa velha, e só velha. Mas se você for bem curioso e se tiver coração para olhar, é possível descobrir que cada peça desta tem memória; e se tem memória tem história, tem sentimento, tem emoção, tem o tempo a que pertenceu. E este tempo tem haver com a nossa história. E hoje, pessoas nascidas aqui na cidade, ou moradores, ou estando de passagem por aqui, vamos saber reconhecer neste espaço os nossos valores. Nosso desejo é que este espaço possa crescer, possa se transformar ainda mais, e que as pessoas sempre tenham nele um lugar de aconchego, de lembranças, de memória. Vamos cuidá-lo. Se ele é o coração da cidade, espaços como este devem, sim, ter vida eterna”, frisou.
Fundado em 2007, o Museu está situado na antiga Estação do Ofício, na Rua Miljutin Cogej, 116, ao lado da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade.
O espaço é administrado pela Fundação Cultural e passou por uma grande reforma para abrigar as mais de 600 peças, que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí. Há inclusive objetos dos tempos da Fazenda Brasileira, como Paranavaí era conhecida nas décadas de 1930 e 1940, e um acervo com 2,8 mil fotos. Muitas já foram digitalizadas e devem compor o Memorial Digital do Pioneiro.
Reconhecimento
O presidente da Fundação Cultural, Amauri Martineli, fez um agradecimento ao prefeito Rogério Lorenzetti pelo apoio ao setor cultural de Paranavaí.
“A atual administração é a que mais beneficiou o setor da cultura nos últimos anos, investindo e, melhor que isso, participando dos momentos culturais da nossa cidade, que nessa gestão recebeu o apelido carinhoso de ‘Cidade Poesia’, a partir de 2009. No entanto, por quantos anos a classe artística batalhou por isso? Mais de 20 anos. Nenhum gestor anterior teve a audácia e também a coragem de implementar e destinar uma parte do orçamento anual do município para a concessão de recursos para projetos culturais de nossos artistas voltados à comunidade”.
Emocionada, a primeira-dama Cristina Lorenzetti enfatizou: “Sou uma entusiasta da Cultura. Acredito que cada pessoa, criança ou adolescente que vai ao nosso Teatro assistir a um concerto, ou a uma peça, tenho certeza de que ela sai de lá mais saudável. Se tivéssemos cultura mais presente no nosso dia a dia, na nossa vida, acredito que nós adoeceríamos menos, porque precisamos cuidar dos nossos afetos, do nosso coração, da nossa memória, da nossa família, da nossa cidade, dos valores artísticos que tem aqui. Essa é minha convicção”
Com a reinauguração, o museu vai retomar as exposições que contam a história da cidade. Nesse trabalho a equipe liderada pela coordenadora do Museu, Rosi Sanga, aborda a trajetória dos índios na região, derrubada da mata, fase econômica do café e outros ciclos. Uma das paredes do museu já está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí através das pinturas da artista Cecília Tortorelli.
O museu vai funcionar de segunda a sexta das 8h às 17h, mas com possibilidade de abertura em outros dias e horários. Para mais informações, basta ligar para (44) 3422-5018.
Frase
“Antigamente, nas primeiras comunidades, as pessoas contavam histórias, elas se reuniam em volta de fogueiras e os mais velhos contavam o que tinha acontecido, preservando a cultura daquela comunidade. A partir da invenção da prensa, a história passou a ser impressa e tudo ficou muito mais simples, porque o conhecimento podia ser reproduzido. Com isso, quando a pessoa morria, não se perdia mais o seu conhecimento – ele ficava guardado através da escrita. Então vieram as imagens das fotografias, já existiam as pinturas, e todas essas foram formas de o ser humano preservar a sua história e, baseado nestas experiências vividas, o ser humano pôde avançar muito mais rápido, porque passou-se a acumular o conhecimento de 500 anos, muitas vezes em um livro”.
Do prefeito Rogério Lorenzetti.