Usuários avaliam bloqueio temporário de aplicativo de bate-papo para celulares

Um dos principais aplicativos de bate-papo para aparelhos celulares, o WhatsApp está bloqueado desde a tarde de ontem. A interrupção temporária (72 horas) foi resultado de uma decisão judicial e atingiu parte dos usuários da telefonia móvel.
A notícia não foi bem recebida por quem utiliza a ferramenta para se comunicar com amigos, familiares e, até mesmo, contatos profissionais. “Tudo que eu planejo hoje em dia é pelo WhatsApp. Desde a saída com os amigos até o meu trabalho”, comentou Paulo César de Oliveira Júnior, 20 anos, que trabalha em um mercado de Paranavaí.
Para evitar o isolamento virtual, ele recorre a duas possibilidades. A primeira, o chat disponível no Facebook, através do qual mantém a comunicação necessária para desenvolver as tarefas do dia a dia e conversar com quem precisa. A segunda alternativa: “A volta para os tempos arcaicos da ligação telefônica”.
A estagiária Herika Coutinho de Souza, 24 anos, utiliza o WhatsApp todos os dias. Até a metade da tarde de ontem, ela ainda tinha acesso ao aplicativo, mas parte das pessoas da lista de contatos já estava bloqueada. Na opinião dela, a interrupção do serviço “interfere e muito no pessoal e no profissional”.
Ela contou que participa de um grupo formado por pessoas com quem estuda e professores. O espaço é utilizado para a transmissão de avisos ou para a exposição de materiais didáticos. Sem o WhatsApp, no entanto, esses contatos ficaram restritos.
Herika também percebeu os efeitos do bloqueio do aplicativo no trabalho. “Quando minha coordenadora precisa de algo, manda mensagem pelo aplicativo. Pelo Facebook complica conversar, pois não podemos acessar no horário de serviço”. Como lidar? “O jeito foi baixar um aplicativo parecido com WhatsApp para usar em casos assim”, disse.
O empresário Yuri Nenduziak, 23 anos, declarou que o bloqueio interfere diretamente nas decisões profissionais, ambiente em que a troca de informações pelo aplicativo é constante.
Na avaliação dele, a decisão judicial foi prejudicial, porque sem acesso ao bate-papo virtual, é preciso recorrer às ligações telefônicas, que tornam tudo mais lento. “Com WhatsApp é mais fácil: mandam uma foto, e acho [o que preciso] rapidinho”.
A jornalista Amanda Medeiros Becker, 34 anos, mora em Curitiba, mas parte dos familiares reside em municípios do Noroeste do Paraná. O aplicativo é uma ferramenta usada constantemente para que eles mantenham contato. “No meu caso, uso mais porque moro longe”.
Para ela, a decisão judicial tem implicações que vão além das relações pessoais e profissionais. “Percebemos a dependência que vamos tendo do aplicativo quando ficamos sem”. Amanda disse que o aplicativo não é utilizado somente para assuntos de trabalho, mas, também, para entretenimento. “Sem o WhatsApp, a gente fica mais ‘isolado’”.
DECISÃO JUDICIAL – O bloqueio do aplicativo foi determinado pelo juiz Marcel Montalvão, da Comarca de Lagarto (SE). A decisão foi tomada depois que a companhia responsável pelo WhatsApp se negou a repassar informações sobre uma quadrilha interestadual de drogas para uma investigação da Polícia Federal.
As cinco operadoras de telefonia móvel TIM, Oi, Vivo, Claro e Nextel informaram que acatariam a decisão, ficando sujeitas a multa diária de R$ 500 mil no caso de descumprimento.
NA INTERNET – Com o bloqueio do WhatsApp, os usuários da internet não perderam tempo e soltaram a imaginação, propagando frases divertidas e os chamados “memes” (ideias e figuras que se espalham rapidamente).