Sem redução da pobreza não será possível vencer combate à mudança do clima, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff reafirmou, ontem, em discurso na cerimônia de assinatura do Acordo Paris, em Nova York, o compromisso do Brasil no enfrentamento às mudanças climáticas. Para isso, no entanto, a presidente enfatizou a necessidade indispensável de promover o desenvolvimento sustentável.
“Meu governo traçou metas ambiciosas e ousadas porque sabe que os riscos associados aos efeitos negativos recaem fortemente sobre as populações vulneráveis de nosso país. Essa preocupação deve ser compartilhada por todos nós. Sem a redução da pobreza e da desigualdade não será possível vencer o combate à mudança do clima. E esse combate tampouco pode ser feito à custa dos que menos têm e menos podem.”
Dilma assumiu o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia e ampliar para 45% a participação de fontes renováveis na matriz energética do Brasil até 2030.
“Nosso desafio é restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas e outros 15 milhões de hectares de pastagens degradadas. Promoveremos também a integração de cinco milhões de hectares na relação lavoura-pecuária e florestas.”
Ao reiterar o compromisso do Brasil com os objetivos do Acordo de Paris, a presidente assegurou que está ciente que firmá-lo representa apenas o começo.
“O caminho que teremos de percorrer agora será ainda mais desafiador: transformar nossas ambiciosas aspirações em resultados concretos. Realizar os compromissos que assumimos irá exigir a ação convergente de todos nós, de todos os nossos países e sociedades, rumo a uma vida e a uma economia menos dependentes de combustíveis fósseis, dedicadas e comprometidas com práticas sustentáveis na sua relação com o meio ambiente.”
GRAVE MOMENTO – A presidente Dilma Rousseff alertou o mundo, ontem, em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), para o “grave momento” vivido pelo Brasil por conta do avanço no Congresso de um processo de impeachment sem base legal.
Como a participação da presidente na cerimônia se deve a assinatura do Acordo de Paris, novo pacto global sobre o clima, Dilma deixou para mencionar a situação política brasileira apenas por um breve momento no fim do discurso.
“Não posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande País, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir qualquer retrocesso”, disse antes de agradecer ao apoio recebido. “Sou grata a todos os líderes que já expressaram sua solidariedade”.