Excesso de chuva provocou perdas na lavoura de mandioca

Além dos preços muito baixos vividos em 2015 e ainda insuficientes neste início de ano, os produtores de mandioca convivem agora com um novo problema: a queda na produção por causa do excesso de chuva dos últimos meses. A perda estaria em cerca de 30%.
O problema é que a água em volume acima do normal provocou apodrecimento da raiz, informa o produtor Dionísio Heidemann, secretário da Aproman – Associação dos Produtores de Mandioca do Noroeste do Paraná. Para evitar novas perdas, os agricultores retomaram o ritmo normal de colheita. 
Ele destaca que a perda de 30% é a média verificada. Mas, há casos de produtores que tiveram quebra de safra maior. As regiões que concentram mais umidade são mais afetadas, detalha.  
Outro fator que provocou a retomada foi a necessidade, já que os produtores tem compromissos financeiros que devem ser honrados neste início de ano, esclarece. Não há estudos oficiais sobre o volume de perdas nas lavouras da região. 
PREÇOS X CUSTOS – Mesmo com a oferta normalizada, não significa que houve aumento de preço. Segundo Heidemann, a tonelada do produto está oscilando entre R$ 200,00 e R$ 220,00 na região (algumas fecularias informam até R$ 240,00 a tonelada). A cotação média de ontem apurada pelo Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura – era de R$ 226,00 a tonelada.
O diretor da Aproman diz que mesmo com a reação nos preços desde o final do ano passado (no pior momento a cotação chegou a R$ 120,00 a tonelada), ainda não são suficientes para fazer frente aos custos de produção.
Com a retomada da colheita, a mão de obra teve novo aumento, lei da oferta e procura, fala o produtor. Mas, não há falta de trabalhadores para a colheita. 
CENÁRIO NA INDÚSTRIA – Na indústria também o ritmo é normal neste início de ano. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Mandioca – ABAM – João Eduardo Pasquini, lembra que há grande oferta de matéria prima, já que o plantio foi grande em 2014. 
Mas, adverte que houve queda na área plantada no ano passado, o que vai refletir na oferta do produto em 2017. Confirma que há fécula estocada na indústria, já antevendo eventual escassez de matéria prima naquele ano. 
Outro fator que reflete na realidade paranaense é que voltou a chover no Nordeste do país, devendo melhorar a oferta de raiz naquela região. 
Por fim, o empresário lembra que a economia está desaquecida e há previsão de queda do PIB – Produto Interno Bruto – para 2016. Esse cenário reflete também na indústria de fécula, sendo que algumas empresas se encontram em dificuldade, finaliza Pasquini.