O programa de Jesus na forma do Espírito, libertação dos pobres. (LC 4,14-21)

Jesus de Nazaré arma seu púlpito no meio dos pobres, à margem da sociedade e exige a conversão de todos: Ele mesmo se apresenta: “Eu Sou o enviado do Pai” (Jo 20,21) e apresenta o seu programa: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim…”
Seu objetivo é claro: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Jesus se deixou batizar por João, dando assim os evangelhos a origem da sua vocação e missão: “O Espírito Santo em forma de pomba veio sobre Ele, e a voz do Pai se fez ouvir: “Este é o meu Filho Amado escutai-O”.
O povo já não precisava sair para o deserto a fim de preparar-se para o juízo eminente de Deus. É o próprio Jesus que percorre as aldeias convidando todos a “entrar” no Reino de Deus que já está irrompendo em suas vidas. Esta mesma terra onde habitavam transforma-se agora no novo cenário para acolher a salvação. “Jesus foi andando de povoado em povoado e de aldeia proclamando a Boa-Notícia do Reino de Deus”. (Lc 8,1) Jesus não se sentia chamado a salvar Israel levando todas as pessoas a receberem o batismo de penitência no Jordão. Ele decidiu que uma outra coisa era necessária, algo que tinha a ver com os pobres, os pecadores e os doentes – as ovelhas perdidas da casa de Israel. Os evangelhos se referem às pessoas por meio de várias expressões: os pobres, os cegos, os coxos, os aleijados, os leprosos, os famintos, os miseráveis (aqueles que choram), pecadores, prostitutas, coletores de impostos, endemoniados (aqueles que estavam possuídos por espíritos impuros), os perseguidos, esmagados, os cativos, todos os que labutavam e estavam sobrecarregados, a ralé que não conhecia nada da lei, as multidões, os pequenos, os são menos ainda que nada, os últimos e as criancinhas, ou as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mc 1,23.32.34.40; Lc 4,18). Jesus se coloca ao lado deles. – Os que não têm lugar na sociedade recebem lugar, e isto mostra que Jesus trouxe uma nova ordem. Jesus denuncia a situação econômica e social injusta, vivendo como pobre e convivendo com os pobres e marginalizados. No meio deles arma o seu “púlpito”. Jesus Cristo se situa no meio deles: Relativiza o Ter, Poder, o Saber.
No texto de hoje vemos como Jesus reage diante da situação do seu povo (opressão – exclusão) e qual o programa Ele apresenta para mudá-la. A experiência que Jesus tem de Deus como Pai amoroso dava a Ele um novo olhar para avaliar a realidade e perceber o que estava errado na vida do seu povo. Animado pelo Espírito Santo, Jesus volta para a Galileia e começa a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas Sinagogas, chega a Nazaré onde tinha sido criado. Está de volta na comunidade na qual, desde pequeno, tinha participado durante 25 anos. No Sábado seguinte conforme o seu costume Ele vai à Sinagoga para participar da celebração (Lc 4,14-16).
Lc 4,17-19 A Proposta de Jesus – Ele se levanta para fazer a leitura. Escolhe o texto de Isaías que fala dos pobres, presos, cegos e oprimidos. O texto refletia a situação do povo da Galileia no tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com palavras de Isaías, define a sua missão: anunciando a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos. Retomando a antiga tradição dos profetas, Ele proclama “Um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o Ano do Jubileu!
Lc 4,20-22 Ligar a Bíblia e a vida: terminada a leitura, Jesus atualiza o texto e o liga com a vida do povo dizendo: “HOJE SE CUMPRIU ESTA ESCRITURA NOS OUVIDOS DE VOCÊS”.
A obra libertadora está acontecendo “no tempo que se chama HOJE. A Igreja do Concílio Vaticano II, as leitura dos “Sinais dos Tempos” que as Assembleias dos bispos da América Latina fizeram ao longo do tempo têm por objetivo colocar a atualização do Programa proclamado por Jesus em Nazaré. “As dores, tristezas, as angústias, as alegrias e as esperanças do Povo de Deus e também as dores, tristezas e alegria da Igreja. E a indicação do Papa Francisco de uma “Igreja em Saída” é do mesmo modo uma atualização do programa de Jesus para o HOJE DA HISTÓRIA.
Frei Filomeno dos Santos O. Carm.