Situação continua difícil para o setor da mandioca, diz associação

Muitas soluções foram tentadas, incluindo paralisação da colheita, manifestações e até a compra de estoque regulador por parte do Governo federal. Nada disso, porém, amenizou as dificuldades dos agricultores do setor. As afirmações são do presidente da Associação dos Produtores de Mandioca do Estado do Paraná – Aproman – Francisco Abrunhoza.
Ele informou ontem que os produtores resolveram, há duas semanas, reduzir o volume de colheita. Só estão colhendo o suficiente para a sobrevivência, de acordo com a necessidade de cada um, ilustra.
Isso porque o preço continua baixo, aquém do custo de produção, alega. A decisão vale para os estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Como detalha, nesta época do ano cai o teor de amido das raízes, um dos componentes da formação do preço. Com isso, a arroba está atualmente na faixa de R$ 130,00 (já teria chegado a 125,00 dias atrás. Isso significa uma pequena reação, mas, ainda distante dos custos – na faixa de R$ 257,00, fala o presidente.  
Abrunhoza também descartou novas manifestações, como as ocorridas a partir do mês de março. Mas, adverte que se não houver reação, o setor será afetado pelo desemprego. A mandiocultura integra cerca de 200 mil trabalhadores rurais, aponta.
Ele aposta na elevação do preço em médio espaço de tempo. Isso porque uma grave crise de produção afeta os estados do Nordeste, com mais de 1.000 municípios em estado de emergência. Nestas praças já há cotações na casa de R$ 250,00, afirma.
Nem mesmo a compra (AGF) por parte do Governo Federal aliviaram a situação do produtor. Abrunhoza diz que foram adquiridas cerca de 20 mil toneladas de fécula e farinha. O restante da meta (no total seriam 80 mil toneladas) esbarra na falta de armazéns.
A VISÃO DA INDÚSTRIA – O presidente da ABAM – Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca – João Eduardo Pasquini, confirma a redução da oferta da raiz. Avalia que é normal nessa época, já que a safra praticamente terminou.
Também a redução de amido (provocando a queda da renda) faz com que o produtor deixe de colher, concorda. Esse fator já puxou a tonelada para R$ 110,00 em alguns casos, portanto, abaixo dos custos de produção.
O líder industrial acredita que os preços vão subir aos poucos, entre 10% e 15% nas próximas semanas, e aposta na estabilização em médio prazo, a partir de agosto de 2016. Até lá haverá oscilações, entende. A partir de janeiro, analisa, deve haver uma safra grande do produto.
A menor quantidade de raiz não deve afetar a oferta de produto transformado. Segundo ele, há mais de 100 mil toneladas de fécula em estoque. O presidente também prevê uma recuperação de longo prazo, até por conta da redução na atividade econômica do país.
HISTÓRICO DE INSTABILIDADE – Em dezembro de 2013 a cotação oficial indicava R$ 550,00 a tonelada (Há depoimentos de produtores relatando preços superiores a R$ 600,00 a tonelada naquele ano). Porém, um ano depois, em dezembro último, a mesma tonelada foi vendida a R$ 219,00 – redução de 60,18%.
O cenário se agravou nos meses seguintes, o que provocou manifestações, pedidos de refinanciamento bancário e os protestos do mês de março.