Projeto visa integrar setor para melhorar qualidade e produtividade da pecuária

A integração dos órgãos de governo com a iniciativa privada, incluindo entidades e produtores. Esta é a síntese do Programa Pecuária Moderna – Plano Integrado de Desenvolvimento da Bovinocultura de Corte – lançado ontem para produtores da região de Paranavaí e que abrangerá todo o Estado.
O objetivo é melhorar a qualidade da carne e a produtividade do rebanho paranaense, aumentando as condições para concorrer no mercado internacional.
O seminário de lançamento reuniu lideranças do setor no auditório da Unespar – Universidade Estadual do Paraná e também em visita técnica ao IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná.
O secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, citou números que comprovam que há espaço e condições para melhorar.
Lembra que atualmente o boi paranaense leva 37 meses em média para atingir o ponto de abate. O objetivo é que até 2022 esta média seja reduzida para 30 meses. Nas propriedades de referência a ideia é que o abate ocorra, na média, em 24 meses.
Com isso, a produção média por hectare ao ano deverá saltar de 137 quilos de carne para 210 quilos do produto. Nas propriedades de referência, produtividade de até 300 quilos por alqueire/ano.
Tudo isso com redução da área ocupada, informa Ortigara. Atualmente são cerca de 5,2 milhões de hectares na pecuária, igual ao ocupado por outras culturas, dentre elas a soja.
INVESTIMENTO – Para atingir mais qualidade e produtividade com menores áreas, o Programa Pecuária Moderna propõe o investimento em tecnologia. No topo dessa pretensão, a melhoria das pastagens.
O secretário concorda que o pecuarista, na média geral, ainda não tem o hábito do investimento para potencializar a produção. Nesta visão proposta, o pasto é cultivado, a exemplo de outas culturas. Em síntese, comida para o rebanho e visão profissional nos vários itens da propriedade.
Ortigara avalia que este é o momento mais propício para investimento. Isso porque a pecuária está remunerando bem o produtor.
A arroba está na faixa de R$ 140,00 e chegou a ser comercializada a R$ 150,00. Além disso, agentes financeiros podem financiar investimentos na propriedade e no rebanho, resume o secretário.
Da parte do Governo, informa que até março do próximo ano serão contratados mais 50 médicos veterinários. Estes profissionais, a exemplo da equipe atual, estarão engajados no Programa Pecuária Moderna.
FEBRE AFTOSA – O secretário confirmou adiamento da meta de o Paraná se tornar área livre da febre aftosa sem vacinação, inicialmente previsto para 2016. Atualmente status é livre com vacina.  
Também divulgou a nova campanha de vacinação, que vai de 1º a 30 de novembro. Todo o rebanho deverá ser vacinado. Ortigara cita, entre outros motivos para o adiamento, a proximidade de Paranavaí e Umuarama, os maiores centros produtores, como o Mato Grosso do Sul.
Concorda que em dado momento, por conta de ajustes financeiros, houve menos investimento do que o previsto por parte do Governo. Na região, por exemplo, é estratégica a implantação das barreiras sanitárias.  
Parte do cuidado sanitário será também a comprovação, com o produtor indicando o número de cabeças e a correta localização de todo o rebanho. Esses dados também fazem parte da proposta de pecuária moderna, preconizada pelo programa.  
MANIFESTAÇÕES – O presidente da Emater, Rubens Ernesto Niederheitmann, lembrou que a cadeia produtiva da pecuária de corte sofreu em anos recentes, mas ainda assim, vem se sustentando. Para ele, é fundamental o investimento em tecnologia, melhorando a produtividade e, por consequência, a remuneração ao produtor.
Na mesma linha, o presidente da Adapar – Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – Inácio Kroetz, destacou o tamanho do programa e sua importância para o Estado. Ele aponta que a carne paranaense precisa ter qualidade para competir no mercado externo. Atualmente 80% da produção são destinados ao mercado nacional. Falou ainda da importância da parceria entre o estado e a iniciativa privada para atingir as metas propostas.  
Rodolfo Botelho, presidente da Comissão Estadual de pecuária de Corte da Faep, reforça que a atividade tem potencial para remunerar o produtor. Porém, adverte, depende do investimento em tecnologia. Ele aposta que o programa vai conseguir formar 250 propriedades de referência e, a partir daí, a experiência ser levada para todos os produtores.
O prefeito de Paranavaí, Rogério Lorenzetti, também falou sobre os baixos índices de produção. Opina que é preciso divulgar as tecnologias disponíveis, como forma de agilizar as mudanças em prol do aumento da produtividade. O seminário e o programa têm importância fundamental nesse processo, resumiu. A Câmara de Paranavaí foi representada no evento pelo vereador Claudemir Barini (PSC).
PESQUISA – Após a abertura oficial, o seminário teve um momento para debates e esclarecimentos, seguido da composição do Comitê Regional. À tarde houve visita técnica ao IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná, unidade de Paranavaí. Neste local os participantes conheceram pesquisas nas áreas de irrigação de pastagens e integração lavoura/pecuária.