É preciso conhecer a classe dos “batalhadores brasileiros”, diz presidente do Ipea
BRASÍLIA – Nova classe média. Classe média emergente. Classe C. Os termos são variados, mas pouco se conhece sobre o grupo que reúne milhões de pessoas que ascenderam economicamente nos últimos dez anos e entraram no mercado de consumo.
Entender os problemas, as necessidades e anseios dessa parcela da população é o caminho para repensar as políticas públicas do país. A avaliação foi feita ontem pelo sociólogo Jessé Souza, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Um dos projetos estratégicos do órgão é justamente traçar uma radiografia do Brasil contemporâneo e ajudar a entender o perfil da classe que ele denomina de “batalhadores brasileiros”. Jessé de Souza participou de audiência pública na Comissão Senado do Futuro (CSF) para debater os “Impasses e Perspectivas da Sociedade Brasileira”.
“É uma classe extremamente heterogênea, ela vai desde toda a forma de trabalho precarizado até pequenos empreendedores. Na realidade, quando a gente diz, provocativamente, que o Brasil não conhece o Brasil é porque o Brasil não conhece. Quer dizer, porque você não conhece, especialmente esses 70% que são desprivilegiados”, disse o presidente do Ipea.
Para o sociólogo, a visão sobre a “nova classe média” é resultado de um debate superficial, que associa pertencimento de classe à renda. A mera classificação econômica e estatística por faixas de renda, disse Jessé Souza, não explica rigorosamente nada.
“O que a gente quer saber, quando a gente divide as pessoas por classe é de que modo elas se comportam, de que modo elas reagem, qual é o seu estilo de vida, o seu padrão de consumo, a sua concepção de mundo”, comentou.
Conhecer esse público de batalhadores, apontou o pesquisador, permitirá ao Estado aplicar melhor o dinheiro de que dispõe. “Você não pode montar uma escola como se ele fosse de classe média, porque as suas necessidade socioemocionais são completamente distintas, avaliou.
CAMINHOS – Para o presidente da comissão, senador Wellington Fagundes (PR-MT), o resultado do trabalho do Ipea vai ajudar a Comissão do Senado do Futuro a traçar caminhos para melhorar as políticas públicas brasileiras.
“A gente percebe hoje que está muito difícil para a classe política fazer o discurso e se aproximar principalmente da classe média”, observou.
O ministro Alessandro Candeas, do Itamaraty, propôs que a Comissão Senado do Futuro organize conferências nacionais de planejamento estratégico. Em sua avaliação, o colegiado pode colaborar na construção de consensos que ajudem na superação da crise. “Muitos consensos foram gerados em períodos de crise. E se são hoje consensos, foi porque houve luta política algumas décadas atrás”, argumentou.
PORTAL E-CIDADANIA – Antes da audiência pública, a comissão aprovou a minuta do projeto de resolução do Senado que regulamenta o programa e-Cidadania, que tem o objetivo de estimular e possibilitar maior participação dos cidadãos nos trabalhos legislativos. (Da Agência Senado)
Entender os problemas, as necessidades e anseios dessa parcela da população é o caminho para repensar as políticas públicas do país. A avaliação foi feita ontem pelo sociólogo Jessé Souza, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Um dos projetos estratégicos do órgão é justamente traçar uma radiografia do Brasil contemporâneo e ajudar a entender o perfil da classe que ele denomina de “batalhadores brasileiros”. Jessé de Souza participou de audiência pública na Comissão Senado do Futuro (CSF) para debater os “Impasses e Perspectivas da Sociedade Brasileira”.
“É uma classe extremamente heterogênea, ela vai desde toda a forma de trabalho precarizado até pequenos empreendedores. Na realidade, quando a gente diz, provocativamente, que o Brasil não conhece o Brasil é porque o Brasil não conhece. Quer dizer, porque você não conhece, especialmente esses 70% que são desprivilegiados”, disse o presidente do Ipea.
Para o sociólogo, a visão sobre a “nova classe média” é resultado de um debate superficial, que associa pertencimento de classe à renda. A mera classificação econômica e estatística por faixas de renda, disse Jessé Souza, não explica rigorosamente nada.
“O que a gente quer saber, quando a gente divide as pessoas por classe é de que modo elas se comportam, de que modo elas reagem, qual é o seu estilo de vida, o seu padrão de consumo, a sua concepção de mundo”, comentou.
Conhecer esse público de batalhadores, apontou o pesquisador, permitirá ao Estado aplicar melhor o dinheiro de que dispõe. “Você não pode montar uma escola como se ele fosse de classe média, porque as suas necessidade socioemocionais são completamente distintas, avaliou.
CAMINHOS – Para o presidente da comissão, senador Wellington Fagundes (PR-MT), o resultado do trabalho do Ipea vai ajudar a Comissão do Senado do Futuro a traçar caminhos para melhorar as políticas públicas brasileiras.
“A gente percebe hoje que está muito difícil para a classe política fazer o discurso e se aproximar principalmente da classe média”, observou.
O ministro Alessandro Candeas, do Itamaraty, propôs que a Comissão Senado do Futuro organize conferências nacionais de planejamento estratégico. Em sua avaliação, o colegiado pode colaborar na construção de consensos que ajudem na superação da crise. “Muitos consensos foram gerados em períodos de crise. E se são hoje consensos, foi porque houve luta política algumas décadas atrás”, argumentou.
PORTAL E-CIDADANIA – Antes da audiência pública, a comissão aprovou a minuta do projeto de resolução do Senado que regulamenta o programa e-Cidadania, que tem o objetivo de estimular e possibilitar maior participação dos cidadãos nos trabalhos legislativos. (Da Agência Senado)