Prefeito de Paranavaí reitera necessidade de parceria para combater o greening

Se o avanço do greening nos pomares do Noroeste do Paraná preocupa os produtores, a solução para combater a doença pode estar na parceria entre o poder público e a iniciativa privada.
A avaliação foi feita pelo prefeito de Paranavaí, Rogério Lorenzetti, que afirmou que a Administração Municipal não possui recursos humanos suficientes para enfrentar o problema sem apoio.
A situação já tinha sido apontada pelo secretário municipal de Agricultura, Osmar Wessler, em matéria publicada na edição de 2 de agosto de 2015 do Diário do Noroeste (“Combate ao greening depende de políticas públicas e do apoio da iniciativa privada”).
Na ocasião, Wessler citou reuniões realizadas no ano passado com produtores e representantes das indústrias de Paranavaí e região. O objetivo era encontrar formas de reduzir os índices de contaminação das árvores cítricas. “Nossa ideia era fazer parcerias para resolver o problema, mas acabamos ficando sozinhos”, disse o secretário.
Agora, o avanço do greening volta a colocar em alerta todos os envolvidos na cadeia produtiva da laranja. Por isso, o prefeito Rogério Lorenzetti pôs a estrutura da Administração Municipal à disposição, no sentido de garantir ações de combate à doença. “Vamos fazer o que for possível dentro do que a lei permite”.
Ele sugeriu que os produtores e os representantes das indústrias elaborem um documento solicitando o apoio do poder público. Assim, a equipe da Administração Municipal teria um ponto de partida para avaliar tudo o que poderá ser feito para eliminar o greening dos pomares de Paranavaí.
Lorenzetti citou a legislação que determina a erradicação das murtas em todo o território municipal, já que a planta é uma das principais hospedeiras do psilídeo, inseto transmissor da doença. Mas também é necessário eliminar todas as árvores que já foram contaminadas, enfatizou o prefeito.
Lorenzetti afirmou que o corte das plantas doentes tem sido feito pelos próprios produtores, mas salientou que a contaminação se dá de forma bastante veloz. Por isso, os citricultores que não fazem a erradicação das árvores contaminadas prejudicam as plantações vizinhas e comprometem toda a atividade.
IMPORTÂNCIA – Na avaliação de Lorenzetti, a cadeia produtiva da laranja tem papel preponderante no fortalecimento da economia de Paranavaí e dos municípios da região. “O agronegócio e a agroindústria têm sustentado a economia do país. A redução da citricultura seria um problema muito sério para todos nós”.
O avanço do greening teria esse efeito devastador, com a redução de emprego e renda familiar, a queda no Produto Interno Bruto (PIB) e o consequente enfraquecimento econômico. “Todos seriam afetados”, disse o produtor Gilberto Pratinha. Para ele, se nenhuma medida for adotada, o faturamento bruto da citricultura pode cair pela metade em dois anos.
Menos pessimista do que Hércules Edemir Cestaro, presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar e Solidária do Paraná (Coacipar) – que estimou em 30% o índice de contaminação dos pomares da região -, Pratinha calculou 8% de árvores doentes nos pomares do Noroeste do Paraná.
Mesmo assim, o produtor fez previsões preocupantes: Se não houver ações imediatas de combate ao greening, “em oito anos não teremos mais citricultura na região”. Para ele, é essencial que haja um trabalho maciço de conscientização, fiscalização e punição daqueles que não adotam medidas de controle da doença.
Pratinha disse que todos os prefeitos da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) precisam ser rigorosos nas políticas públicas, antes que a situação seja irreversível. “Eles não estão dando a devida atenção. Até agora não tiveram nenhuma atitude”. Isso porque, segundo o citricultor, várias reuniões para tratar sobre o assunto já foram realizadas.
Ele também cobrou ações mais enérgicas do Governo do Estado, que conta com legislação específica para o combate ao greening, citando o nome do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Anacleto Ortigara. “A solução para esse problema tem de ser encontrada de forma urgente”.
GREENING – Também conhecida como amarelão, o greening é uma doença que interrompe o fluxo da seiva que alimenta as plantas. Assim, não consegue absorver os nutrientes e morre. Foi o que explicou o técnico agrícola da Coacipar, Jhonatan Ganzaroli.
O greening é causado por uma bactéria transmitida pelo psilídeo, deixa as folhas amareladas, prejudica o desenvolvimento da fruta e elimina a fertilidade das sementes. A vida útil de uma árvore contaminada não ultrapassa um ano.
CONSCIENTIZAÇÃO – Para chamar a atenção dos produtores sobre o problema, a Coacipar e a Associação dos Citricultores do Paraná (Acipar) estão intensificando os trabalhos de conscientização. A ideia é incentivar os citricultores a erradicarem as plantas doentes, evitando, assim, que seja necessário eliminar todos os pomares.