Avanço do greening em pomares da região preocupa citricultores

   

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O produtor de laranja Hércules Edemir Cestaro, presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar e Solidária do Paraná (Coacipar), disse que o avanço do greening nos pomares de Paranavaí e região é preocupante. “A situação é crítica”.
Segundo ele, o futuro da citricultura no Noroeste do Paraná está ameaçado. “São muitos pomares condenados”, o que tem feito pequenos produtores – aqueles com até 15 mil pés de laranja – desistirem da atividade.
Pelos cálculos de Cestaro, mais de 30% das árvores precisam ser erradicadas em toda a região. Ao todo, são quase 6 milhões de plantas em todo o Extremo-Noroeste, considerado como principal região produtora de frutas cítricas do Paraná.
Para ter uma ideia da realidade vivida pelos produtores, na tarde de ontem a equipe do Diário do Noroeste visitou uma propriedade em Paranavaí com 6.000 pés de laranja. Desse total, 500 terão de ser eliminados.
Diante dessa situação, a Associação dos Citricultores do Paraná (Acipar) retomou uma campanha de conscientização dos produtores sobre o controle do greening. “Prevenção é a solução, mas quando a planta já está contaminada, é necessário erradicar”, disse Vanusa Gonçalves Toledo, coordenadora da Acipar.
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Mais do que isso, a iniciativa tem como objetivo chamar a atenção de toda a comunidade sobre os riscos que o avanço da doença podem causar, principalmente porque a citricultura é uma das principais atividades econômicas da região.
Estima-se que desde o preparo do solo para a plantação das árvores até a produção das indústrias de processamento de suco, são mais de 5.000 empregos diretos e um faturamento bruto anual que chega perto dos R$ 250 milhões.
A coordenadora da Acipar explicou que as árvores plantadas nos quintais residenciais dentro da área urbana são grandes responsáveis pelo avanço do greening, exatamente porque não recebem os cuidados que evitam a contaminação. A partir daí, a propagação se dá de forma avassaladora. A solução seria cortar todas.
No entanto, não há políticas públicas efetivas de prevenção e combate ao greening. Mas, no caso da Administração Municipal, por exemplo, faltam recursos financeiros e humanos para investir nessa área.
Em recente entrevista ao DN (“Combate ao greening depende de políticas públicas e do apoio da iniciativa privada”, edição de 2 de agosto de 2015), o secretário municipal de Agricultura, Osmar Wessler, falou sobre o problema.
Na avaliação dele, trata-se de uma situação que exige apoio da iniciativa privada, com participação de produtores, empresas e entidades ligadas à citricultura. Por enquanto, disse Wessler, os citricultores estão desanimados.
GREENING – Técnico agrícola da Coacipar, Jhonatan Ganzaroli explicou que o greening (doença também conhecida como amarelão) compromete o fluxo da seiva que alimenta as plantas. Sem nutrientes, a planta árvore morre.
A bactéria que provoca a doença deixa as folhas amareladas, prejudica o desenvolvimento da fruta, causando deformidade e elimina a fertilidade das sementes. A árvore contaminada fica totalmente comprometida em período de até um ano.
Para identificar os sintomas do greening, os produtores precisam fazer inspeções nos pomares. A exigência é que sejam pelo menos quatro por ano, mas o ideal é que o tempo entre uma vistoria e outra seja menor.