Fernando Collor chama Janot de “sujeitinho à-toa” e de “fascista”

BRASÍLIA – Denunciado pelo Ministério Público por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras, o senador Fernando Collor (PTB-AL) usou a tribuna do Senado, ontem, para questionar e criticar a conduta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem chamou de "sujeitinho à-toa", "fascista da pior extração" e "sujeito ressacado, sem eira nem beira".
O senador afirmou ainda que Janot tenta constranger a Casa às vésperas da sabatina de que participará, amanhã. Durante o pronunciamento de cerca de 40 minutos, Collor questionou a atuação de Janot à frente da Operação Lava Jato.
"Até quando vamos permitir esse estado policialesco que a PGR (Procuradoria-Geral da República) tenta implantar? Trata-se de questão que afeta, sim, diretamente as instituições, que afeta a separação dos Poderes, o estado de Direito e que merece, de nossa parte, por um freio nesses abusos inomináveis cometidos pelo senhor Janot", afirmou.
Em seguida, Collor disse que Janot não possui estabilidade emocional, sobriedade e perfil democrático para conduzir o Ministério Público. "É esse tipo de sujeitinho à-toa, de procurador-geral da República, da botoeira de Janot que queremos entregar à sociedade brasileira? Possui ele a estabilidade emocional, a sobriedade que sempre lhe falta nas vespertinas reuniões que ele realiza na procuradoria?", questionou.
"Estamos sim diante de um sujeito ressacado, sem eira nem beira, que acha que tudo pode e tudo faz a seu bel prazer, desconectando as instituições e esterilizando, ele conhece bem isso, esterilizando os Poderes da República que garantem a nossa democracia. Trata-se de um fascista da pior extração", disse.
Collor e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foram denunciados por Janot na última quinta-feira. O procurador-geral pediu a condenação dos dois sob a acusação de terem cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Esta foi a primeira vez que Collor falou publicamente após a denúncia.
Investigadores da Lava Jato apontam que um grupo ligado ao senador recebeu cerca de R$ 26 milhões em suposta propina do esquema de corrupção da Petrobras entre 2010 e 2014.
O esquema vinculado ao congressista, segundo as investigações, envolvia assessores do Senado, colaboradores, empresas em atividade e outras suspeitas de serem de fachada.
Amanhã, Janot será sabatinado pela comissão de Constituição e Justiça do Senado, que votará sua recondução ao cargo de chefe do Ministério Público. Se for aprovado pelo colegiado, o procurador deverá ainda passar por análise do plenário do Senado.
Da tribuna, Collor voltou a reclamar de não ter sido ouvido sobre os fatos que lhe são atribuídos mesmo tendo se colocado à disposição da PF e acusou Janot de patrocinar sucessivos vazamentos de informação.