Participação ficou abaixo do esperado, mas ato cumpriu objetivo, diz Aproman

A participação de agricultores e pessoas ligadas à indústria ficou abaixo do esperado. Ainda assim, a manifestação cumpriu os objetivos, avalia a Associação dos Produtores de Mandioca, fazendo um balanço do ato público de ontem pela manhã em Paranavaí.
O evento foi marcado por uma carreata e alguns contratempos, como a impossibilidade de distribuir mandioca para a população no centro da cidade, atividade inicialmente programada.
Por orientação da Ditran – Diretoria de Trânsito – a carreata não pode parar no cruzamento da Rua Getúlio Vargas com Avenida Paraná.
A justificativa foi a falta de espaço para estacionar sem prejudicar o fluxo de veículos na já complicada via, com tráfego intenso, especialmente nos horários de pico. A chegada ao centro culminou com a hora do almoço, quando a área central fica mais movimentada.
A opção dada aos manifestantes pelo gerente da Ditran, Gabriel dos Santos Luiz, foi de concentrar a distribuição na Praça dos Pioneiros. Mas, a possibilidade acabou descartada, pois o movimento entendia que a ação estaria descaracterizada. A ideia era distribuir no centro e pedir o apoio da população, chamando a atenção para a forte crise do setor.
Diante da impossibilidade, a carreata, que saiu da Praça dos Expedicionários – Jardim São Jorge – e percorreu a Avenida Heitor Furtado entrando no centro pela Avenida Paraná, retornou ao bairro, através da Avenida Distrito Federal.
De volta ao Jardim São Jorge, os manifestantes distribuíram mandioca para quem passava, numa escala bem inferior ao pretendido. Havia na carga cerca de três mil quilos de mandioca.  
Dois tratores e pelo menos uma dezena de caminhões, além de dezenas de veículos de passeio foram utilizados pelos manifestantes. Os caminhões traziam frases pedindo o refinanciamento (securitização) para o setor.
Outros lembravam a importância do agricultor na produção de alimentos e um saudosista do antigo regime preferiu trazer os anos do presidente general João Figueiredo e seu slogan: “Plante que o Governo garante”.
AVALIAÇÃO POSITIVA – Heidemann avalia como positivo o ato dos produtores. Credita a pouca participação a uma série de dificuldades. Uma delas é justamente a falta de recursos para deslocamentos. Sem contar que os últimos dias foram chuvosos e o tempo firme de ontem cedo possibilitou trabalhar na lavoura. A proposta inicial era integrar agricultores de toda a Macrorregião Noroeste, incluindo os polos Umuarama e Cianorte. Embora em pequena quantidade, várias cidades próximas estiveram representadas.  
Autoridades também estiveram no local, em solidariedade ao movimento, dentre elas, o prefeito de Paranavaí, Rogério Lorenzetti (PMDB), além do deputado estadual Tião Medeiros (PTB).
PRINCIPAL OBJETIVO – A manifestação do setor pede especialmente a prorrogação dos financiamentos bancários dos agricultores, além de nova linha de custeio para as próximas safras. Só assim será possível evitar uma “quebradeira geral”, atesta o secretário da Aproman – Associação paranaense dos Produtores de Mandioca, Dionísio Heidemann. Ele complementa que os agricultores estão pedindo apenas condições para trabalhar, o que é impossível diante dos preços atuais, muito abaixo dos custos de produção.
Atualmente há uma negociação em curso. As reivindicações dos setor foram apresentadas em reunião com a diretoria do Banco do Brasil. A instituição financeira pediu levantamento sobre o total de agricultores sem condições de pagar os financiamentos por conta da crise de preços.
Diante disso, a Aproman está cadastrando os agricultores que não terão como honrar os compromissos bancários. Eles devem encaminhar suas informações para o endereço
aproman@g-mail.com.
As estimativas da associação são de mais de mil produtores se encontrem nesta condição. O modelo proposto é semelhante à securitização, implantada na década de 1900, também diante de uma forte crise do setor.  
COMPRA POR PARTE DO GOVERNO – O Governo Federal confirmou nesta semana a compra de 40 mil toneladas de fécula e farinha de mandioca para a formação de estoques reguladores. A compra era uma reivindicação de agricultores e industriais, apontada como uma das soluções para diminuir o impacto da crise da mandiocultura.
O compromisso total prevê duas etapas de compras – chamadas AGF – Aquisições do Governo Federal, com 40 mil toneladas cada. No caso da farinha, o preço será R$ 44,00 por saca de 50 quilos.
O conjunto das compras representa cerca de 17 mil hectares de lavoura ou 30 mil toneladas de raiz (levando em conta que para cada quilo são necessários 7,5 quilos de raiz). O Paraná possui em torno de 179 mil hectares de lavoura de mandioca.
Também nesta semana o Ministério da Agricultura confirmou que os preços mínimos das culturas de verão das safras 2015/2016 e 2016 que fazem parte da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) foram reajustados. No caso da raiz, farinha, fécula e goma (polvilho) da mandioca a variação ficou entre 6,02% e 7%. A tonelada da mandioca, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste saiu de R$ 170 para R$ 181,90.