Pesquisa mostra que 30,2% das crianças apresentam pressão arterial elevada

Estudo envolvendo 566 alunos das redes pública e privada de Paranavaí (com idade entre 10 e 14 anos) revelou que 30,2% deles apresentavam pressão arterial elevada.
Este é um dos dados da pesquisa de mestrado do professor de Educação Física, Flávio Ricardo Guilherme, curso concluído no ano passado e apresentado ao DN nesta semana. As amostras foram coletadas entre julho e agosto de 2013.
O trabalho acompanhou 287 meninos e 279 meninas, englobando vários aspectos, com objetivo de identificar o impacto da atividade física na vida das crianças e adolescentes (da perspectiva do conjunto chamado medidas antropométricas – peso, circunferência abdominal, etc.).
Os exames de sangue, que identificaram outras condições gerais para a pesquisa, só foram feitos em 241 alunos porque era preciso autorização expressa dos pais. Mesmo assim, se trata de um conjunto bem representativo, capaz de oferecer segurança nas informações, atesta Flávio Ricardo.
As meninas são maioria no quesito pressão elevada. 16,1% das 279 acompanhadas apresentaram o distúrbio. Já entre os meninos a taxa caiu para 14,1%, ou seja, 80 dos 287 verificados. Abrangente, o estudo investigou ainda outros quatro fatores que influenciam para o desenvolvimento das chamadas síndromes metabólicas, aumentando o risco de problemas cardiovasculares.
Dentre os itens pesquisados, além da verificação de pressão, estão: a obesidade central – abdominal, HDL (colesterol bom), triglicerídeos e glicose sanguínea, estes três últimos por exames de sangue (com autorização). O professor explica que se a criança apresentar três desses fatores alterados, já está na chamada síndrome metabólica.
O levantamento mostrou que 17,4% dos pesquisados vivem nesta condição. E outro dado ainda mais relevante: 196, correspondentes a 81,3%, apresentaram pelo menos um fator de risco para o desenvolvimento da síndrome metabólica.
IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA – O estudo revela que crianças que não fazem exercícios (ou fazem de forma inadequada) têm 220% de chance a mais de ter sobrepreso ou obesidade, fatores ligados diretamente à síndrome metabólica.  
Nas verificações de Índice de Massa Corporal (IMC), o professor Flávio Ricardo constatou que 26,7% dos 566 alunos acompanhados apresentaram sobrepreso, enquanto 13,4% são obesos.
Deste mesmo público, 42,2% têm nível de atividade física inadequado, ou seja, reforça a relação entre a inatividade e o excesso de peso. O excesso se reflete ainda na circunferência da cintura, item em que 36,2% foram enquadrados como obesos.
Doutorando em Educação Física pela UEM/UEL, o professor lembra que a recomendação para os jovens é fazer 300 minutos de atividade física por semana. A identificação dos motivos pelos quais não fazem se tornaram outro desafio gigante para a administração pública.
MOTIVOS – Ao serem questionados sobre os motivos, 95,4% dos jovens indicaram a falta de segurança como desestimulante para a prática de atividade física. Flávio Ricardo complementa que se trata do medo de sair às ruas por causa da violência, ou ainda, preocupação por parte dos pais, já que nas ruas os filhos correm (em tese) riscos de assalto, aliciamento, etc.
Outro dado diretamente ligado à administração (governos) é que 73,7% dos pesquisados apontaram a falta de espaços públicos para atividade. O professor lembra que se trata de opções para jovens, o que excluiria as academias de terceira idade. Na consulta os jovens apontaram ainda o medo de se machucar na atividade (80,6%) e a preguiça (67%) como outros inibidores. Para a formação do percentual, cada criança recebeu um cartão com múltiplas escolhas, apontando as opções que considerava inibidoras para uma rotina de exercícios físicos.  
DESENVOLVIMENTO – Otimista, Flávio Ricardo aponta para o futuro. Lembra que mantém o acompanhamento desses jovens na pesquisa de doutorado. O objetivo agora é identificar os exercícios mais apropriados, incluindo a relação tempo de prática (duração e intensidade da sessão de exercício) x benefícios.
Com esse estudo em mãos, poderá sugerir ao poder público alguns caminhos possíveis para reverter o cenário e proporcionar mais qualidade de vida aos jovens paranavaienses. Ele antecipa uma dica: Paranavaí não tem ciclovias.
Professor da Unespar, Campus Paranavaí, Flávio Ricardo se formou na instituição em 2011. No ano de 2013 iniciou o mestrado, em projeto viabilizado pelo professor Carlos Alexandre. A pesquisa foi financiada pela Fundação Araucária, via Unespar. O professor Wilson Rinaldi, da UEM, é o orientador da pesquisa de mestrado, bem como do projeto atual de doutorado.