Enfermeira conta história de luta contra o vírus da poliomielite em Angola

O mês de agosto de 1999 ficará marcado na lembrança da enfermeira paranavaiense Sandra Regina da Silva. Foi quando desembarcou em Angola, enviada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O motivo da viagem ao país localizado na África foi uma das maiores epidemia de poliomielite registrada no mundo. Passados quase 16 anos, ela comemora que o país está a um passo para se tornar área livre do vírus.
“Não tem como esquecer as cenas que vivenciei. Foram mais de 1.700 registros da doença. Não havia uma estrutura de saúde adequada e muito menos dados para saber como deveríamos combater a situação. Para piorar, o país passava por uma guerra civil”, relata Sandra.
A enfermeira se encontra de férias em Paranavaí, onde visita os parentes. Entre um passeio e outro, ela esteve em uma reunião do Rotary Club Entre Rios, onde falou sobre suas lutas e contou a importância da ajuda do Rotary Internacional na luta contra a poliomielite em todo o mundo.
#IMG02INÍCIO – A enfermeira lembra que no dia que desembarcou em Angola estava acontecendo a Campanha de Vacinação. “Fui recepcionada por um integrante do Rotary que me levou direto para um local de vacinação”.
A paranavaiense disse ter percebido o tamanho das dificuldades que teria de enfrentar. As autoridades públicas não tinham noção da quantidade de pessoas atingidas pela doença e várias áreas onde a população vivia era inatingíveis. O motivo era a guerra civil que assolava o país africano.
Sandra explicou que Angola é um país grande, composto por 18 províncias e com população superior a 18 milhões de habitantes. Foi necessário paciência, ousadia e parceria com as autoridades da saúde local.
“Muitas vezes eu entrei em localidades junto com integrantes da Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Sabia da importância do trabalho e às vezes me sentia impotente de não fazer mais. No início estávamos em três profissionais enviados pela OMS. Por isso, sem ajuda da estrutura local nada poderia ter sido feito”, afirmou a enfermeira.
Com o fim da guerra civil e com o controle do vírus. A paranavaiense conta que oficialmente naquela epidemia foram registrados 113 óbitos por causa doença. Mais de 1.700 pessoas foram contaminadas, a maioria crianças. As sequelas deixadas pelo vírus são evidentes.
Porém, a profissional sabe que os números poderiam ser mais sombrios sem a ajuda da OMS, Rotary, UNICEF e do CDC (órgão de combate a doenças no Estados Unidos).
ROTARY – Os integrantes do Rotary Club Entre Rios, Pedro Oliveira e Onivaldo Izidoro Pereira, estiveram com a enfermeira na redação do Diário do Noroeste. Impressionados com a história vivenciada pela profissional, os rotarianos disseram que são fatos vividos pela paranavaiense que dá força para os integrantes do Rotary continuar na luta contra a poliomielite.
“Fico contente de saber que nossas ações e contribuições daqui de Paranavaí contribui tanto para que pessoas de locais inimagináveis tenham direito de ser tratada com dignidade. Isso é gratificante e dá força para continuar na vida rotária”, disse Oliveira.
Pereira lembrou que com a globalização não existe mais fronteira e que as doenças podem facilmente atravessar os continentes. “Lutamos para acabar com a poliomielite em todo mundo”, afirmou o rotariano.
NOVA BATALHA – Da estrutura acanhada de três profissionais, hoje a OMS conta com mais profissionais. A guerra civil acabou em 2002 e em 2010 houve as primeiras eleições. Porém, a batalha para dar condições de vida para a população continua.
Atualmente a paranavaiense trabalha para conter uma epidemia de raiva que assola o país. Somente na capital Luanda foram registrados mais de 40 casos da doença que não tem cura e leva a vítima a óbito.
Sandra destaca que o trabalho agora é mais tranquilo. Explica que existe uma rede de saúde montada e que dá todo o suporte nas ações que devem ser tomadas. “Hoje temos um país em pleno desenvolvimento e com uma atenção voltada para a saúde da população”, conclui a paranavaiense.