Greve dos produtores de mandioca pode ser suspensa temporariamente

Produtores rurais e industriais de fécula de mandioca se reuniram ontem em Paranavaí e foi criada uma agenda comum que pode suspender, pelo menos temporariamente, a interrupção da colheita e os bloqueios nas rodovias de acesso às fecularias.
A chamada greve está completando duas semanas.
Lideranças da Aproman (Associação Paranaense dos Produtores de Mandioca) e da Abam (Associação das Indústrias Produtoras de Fécula de Mandioca) retiraram uma pauta mínima, assumida pelos empresários.
O compromisso será apreciado pelos produtores em reuniões e debates por redes sociais para uma tomada de decisão. A resposta deverá ser dada até hoje, quinta-feira.
Mesmo que os produtores concordem em suspender o movimento, a retomada da colheita, e por consequência da produção, deve acontecer apenas na segunda-feira por conta dos feriados da Semana Santa. Tanto que, mesmo continuando a greve, os bloqueios deixam de ser realizados hoje e voltariam apenas na segunda-feira. As fábricas já não trabalhariam.
O industrial Ivo Pierin Júnior confirmou o avanço nas conversações. É consenso para agricultores e feculeiros que a solução duradoura passa pelo realinhamento do preço mínimo e verba para a compra de estoque regulador pelo Governo Federal – chamado AGF. A recomposição do preço da tonelada de mandioca é a principal queixa dos produtores em greve.
Também tem pesado na decisão do setor o grave problema social gerado pelo desemprego no campo com a paralisação. No Paraná são cerca de 40 mil produtores envolvidos na cultura da mandioca. Paraná e Mato Grosso do Sul são os principais produtores de fécula do país, centralizando cerca de 94% do total brasileiro.
Atualmente o preço mínimo é de R$ 170,00 a tonelada, conforme política de preços do Governo Federal. Conforme a Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná o preço médio no Estado oscila em torno de R$ 178,00. Porém, agricultores falam que na prática chegam a ter o produto comercializado a pouco mais de R$ 150,00 em alguns casos. O custo de produção estariam acima dos R$ 200,00.
Enquanto debatia o fim da interrupção da colheita, produtores mantinham os bloqueios até a tarde de ontem. Em Paranavaí, por exemplo, havia barreiras nos acessos a duas fecularias. Não houve incidentes, apesar do constante ambiente de apreensão.
De um lado a necessidade de alguns agricultores para entregar mandioca já colhida. Na mesma direção, a indústria precisando manter sua linha de produção. Formam o tripé os agricultores paralisados diante da grave situação que vivem.