Sensibilidade e profissionalismo: Visão feminina a serviço da segurança de todos

O ano era 1993 quando tudo começou. Depois de três anos trabalhando na Polícia Militar em Curitiba, chegava a Paranavaí, em 1996, a primeira policial feminina do 8º Batalhão de Policia Militar (8º BPM). Na época, a então soldada Roseli Dias Freitas disse não ter sentido preconceito dentro da corporação. O mesmo não aconteceu nas ruas, onde ela teve que provar que tinha competência para exercer uma profissão até então “admitida” apenas para homens.
A realidade encontrada pela policial Juliana Ratiguieri já foi diferente. Há sete anos ela está na corporação e faz parte do Grupo Tático de Operações (GTO). Dentre as ocorrências atendidas houve conflitos familiares, confrontos armados e até mesmo situações de embate físico. Algo inimaginável até então para a mulher loira, com olhos azuis e que um dia sonhou ser modelo.
Nos dias atuais o efetivo da corporação em Paranavaí ganhou a soldada Ketlin Janaina Pereira. Ela cresceu vendo o pai que também é policial militar, saindo para trabalhar e proteger pessoas que ele jamais conheceria se não fosse a profissão. Isso fez nascer nela a vontade de seguir a carreira, também proporcionar segurança e arriscar a própria vida para pessoas que ela não conhece.
PRECURSORA – Hoje a sargento Roseli Dias Freitas trabalha em Maringá. Ela começou as atividades em Curitiba onde fez a academia. Depois disso foram várias cidades, entre elas Paranavaí, onde iniciou o trabalho há 24 anos. Ela foi a primeira policial a prestar serviço aqui.
De início Roseli desenvolveu trabalhos internos ligados a área administrativa. Gradativamente saiu para as ruas para missões operacionais. Mesmo sem ter sentido preconceito pelos companheiros de farda, ela lembrou de que o trabalho ficou mais fácil com a chegada de uma segunda mulher na corporação em Paranavaí.
Depois de Paranavaí a policial voltou a Curitiba onde chegou a fazer parte da ROTAM (Ronda Ostensiva Tático Móvel). Hoje Roseli trabalha em Maringá e ao olhar para o passado afirma com confiança que faria tudo novamente sem pensar duas vezes.
OPERACIONAL – Quando adolescente a soldada Juliana Ratiguieri pensava em ser modelo. Os olhos azuis, os cabelos loiros e a altura indicava que realmente esse seria o seu futuro. Porém, em 2007 ela passou no concurso da PM e fez academia em Foz do Iguaçu.
Com o tempo ela conseguiu transferência para Paranavaí, onde mora desde os oito anos de idade. Hoje a soldada diz que nas pequenas cidades ainda existe um pouco de preconceito da população.
Para exemplificar, Juliana lembrou de uma vez que foi prestar serviço em um município da região e no dia seguinte se tornou o assunto principal nas “rodas de conversa”.
Com o perfil voltado para os serviços operacionais a soldada hoje ganha elogios das pessoas que demonstram admiração pelo trabalho. “Já aconteceu de mulheres conversarem comigo e elogiar. Acho que elas pensam sobre como alguém do ‘sexo frágil’ consegue”.
PAI DE EXEMPLO – Uma das mais novas integrantes do efetivo do 8º BPM é a soldada Ketlin Janaina Pereira. Ela entrou na corporação em 2013 e seu grande exemplo é o pai – sargento Valdecir – que faz parte da corporação há mais de 20 anos.
Ela cresceu vendo o pai saindo de casa e deixando a família para proteger pessoas que ele não conhecia. A policial falou que ficava imaginando como achava nobre o trabalho dele e, quando questionada pelos amigos, dizia com orgulho que o pai era PM.
Olhando para o futuro a policial acredita que cada vez mais as barreiras e os preconceitos irão sendo desfeitos. “Sei que é questão de tempo. Acredito que ainda teremos uma mulher comandando a Polícia Militar do Paraná”.
MAIS CRITERIOSAS – O comandante do 8º BPM, major Ademar Carlos Paschoal, disse que atualmente existem 26 mulheres trabalhando em Paranavaí e região. Ele comentou que as policiais são mais criteriosas e isso ajuda no serviço prestado nas ruas.
Paschoal relatou que recentemente houve uma ocorrência em que um oficial passava de viatura e percebeu que um homem estava armado. Junto com ele estava um soldado e uma policial. “Tudo foi muito rápido questão de segundos. Quem conseguiu descrever melhor o criminoso foi a soldada. Por conta destes detalhes o suspeito acabou sendo preso”, comentou Paschoal.