Caminhoneiros liberam trecho da BR-376 próximo a Nova Esperança

Uma liminar judicial obrigou os caminhoneiros que estavam bloqueando a BR-376, perto de Nova Esperança, no trecho que liga Paranavaí a Maringá, a liberarem o tráfego. A decisão saiu no final da tarde de ontem e no começo da noite o fluxo de veículos já não estava mais impedido.
A paralisação naquele ponto da rodovia teve início na manhã de terça-feira. Desde então, todos os caminhões estavam sendo proibidos de passar. O mesmo valia para automóveis menores que faziam transporte de cargas. Carros de passeio, ônibus e veículos que atendem urgências e emergências eram liberados.
De acordo com Cristiano Aparecido Pajonotti, um dos organizadores do movimento, ainda não é possível saber se os profissionais voltarão a fechar trechos de rodovias, visto que precisam cumprir a decisão. Além disso, “muitos já estavam desgastados por causa dos dias parados”.
Com o bloqueio da BR-376 e a retenção de diferentes tipos de carga, espalhou-se a notícia de que faltariam combustíveis nos postos de Paranavaí, o que de fato ocorreu, principalmente porque a informação levou milhares de motoristas aos postos para abastecerem seus veículos.
A preocupação também alcançou outros setores do comércio, por exemplo, supermercados e empresas revendedores de gás de cozinha. Na tarde de ontem, por exemplo, o empresário Tatinha Avelar disse que não sabia quando receberia novo carregamento de botijões.

Líderes do movimento aceitaram as propostas do governo federal
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que os líderes do movimento dos caminhoneiros que vieram conversar com o governo aceitaram as propostas do Executivo. A partir de agora, segundo ele, os caminhoneiros que continuarem obstruindo as estradas serão multados com valores entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora.
Os caminhões parados na pista serão identificados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e, com base nos dados obtidos pelos policiais, as multas serão emitidas. “A decisão do valor da multa não é do governo, é da Justiça, e a punição não está sendo imposta por mim, e sim por magistrados. Eu tenho o dever de fazer cumprir a lei”, disse o ministro. Segundo ele, ainda existem caminhoneiros em 97 pontos de rodovias em sete estados, a maioria deles no Sul do país.
Cardozo explicou que houve dificuldade para identificar os líderes do movimento. Aqueles que se apresentaram como líderes, de acordo com ele, saíram satisfeitos das negociações. “Não é simples identificar lideranças. Conversamos com todos os que se dispuseram a dialogar. Representantes de trabalhadores e de empresas compareceram”, acrescentou.
Na noite de anteontem, em conversa com os trabalhadores, o governo propôs sancionar a Lei dos Caminhoneiros, a prorrogação por 12 meses do pagamento de caminhões, por meio do Programa Procaminhoneiro, além da negociação conjunta entre caminhoneiros e empresários para que seja estabelecida uma tabela referencial de frete.
A Lei dos Caminhoneiros aguarda sanção da presidenta Dilma Rousseff. O texto, aprovado há duas semanas pelo Congresso Nacional, altera a regulamentação da profissão. “Um dos temas importantes que está na lei”, de acordo com o secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, “é que os caminhões que trafegam vazios estarão suspensos do pagamento de pedágio por eixo suspenso”.
Tanto Rossetto quanto Cardozo enfatizaram, porém, que as propostas só serão mantidas e postas em prática após a suspensão do bloqueio nas estradas.