A visão da indústria de fécula

Para o industrial Ivo Pierin Júnior está havendo um ajuste no mercado por conta da ampliação da área plantada e consequente aumento da oferta. Ele também esclarece que o ponto de equilíbrio (preço x custo) varia caso a caso.
Alguns pagam renda mais elevada, outros têm mais produtividade. O que tem pesado para o produtor é a elevação do custo de mão de obra, avalia, admitindo que parte dos produtores registra perda em relação ao investimento.
Ele diz que muitos aumentaram a área ou passaram a plantar por conta da expectativa sobre o comércio de farinha, que acabou não se confirmando (produção normal no Nordeste). O excesso de oferta ocorre ainda por conta dos compromissos do produtor, que tem contratos de arrendamento e outros compromissos vencendo, o que torna necessária a colheita imediata, ainda que com preço baixo.
VARIAÇÃO É RUIM – Ele concorda que a variação não é boa para o setor. Porém, é a desconstrução de um cenário atípico. Pierin sugere que na hora do plantio o produtor pesquise quem vai consumir o produto – em outras palavras – se há mercado. A volta à normalidade é lenta, entende, mas acredita que o setor vá se estabilizar.
Para Ivo Pierin, a situação atual revela outro perigo: a falta de matéria-prima na safra 2016/2017. Isso porque muitos podem deixar a atividade ou reduzir a área. Por isso, antecipa, é preciso que o produtor encontre incentivo na atividade.
Ele defende a renegociação dos financiamentos e reforça a reivindicação de Dionísio Heidemann por uma política de preço mínimo e de produção. Também defende auxílio no frete e outros, como leilões (solução temporária) por parte do Governo para equilibrar o setor.
Outro caminho é buscar a utilização em segmentos que ainda não usam a fécula. A indústria do trigo, por exemplo, que daria para absorver a demanda existente. Mas, para tal, é preciso se tornar atrativo.  
Ele fala, inclusive, em apoio para exportação dos produtos, o que geraria bons resultados para a economia. Esta opção é ainda melhor do que a compra, pois não incluiria os custos de manter a mercadoria em depósito.
Para a exportação, no entanto, deve haver mais profissionalização da cadeia, já que o compromisso de entrega não pode falhar. Isso demanda sanar outra dificuldade: a falta de regularidade na produção de matéria-prima, regra que vale também para a utilização pela indústria nacional (de alimentos, cosmética, etc.).
 
Entenda a evolução dos preços
da raiz de mandioca, da
farinha e da fécula em 2014*:
Preços da tonelada/raiz 2014

Janeiro    R$ 516,00
Março    R$ 352,00
Maio    R$ 265,00
Julho    R$ 256,00
Setembro    R$ 228,00
Novembro    R$ 238,00
Dezembro    R$ 219,00

Preços fécula 2014 – Saca 25 quilos
Janeiro    R$ 72,00
Março    R$ 51,00
Maio    R$ 42,00
Julho    R$ 38,00
Setembro    R$ 34,00
Novembro    R$ 36,00
Dezembro    R$ 35,00.

Preços farinha 2014 – Saca 50 quilos
Janeiro    R$ 108,00
Março    R$ 78,00
Maio    R$ 65,00
Julho    R$ 61,00
Setembro    R$ 55,00
Novembro    R$ 54,00
Dezembro    R$ 49,00.

*Informações do Deral (Departamento de Economia Rural), que observa que nos três casos são registradas quedas ao longo do ano passado