Todos os municípios da região enfrentam situação de risco em relação à dengue

Se em Paranavaí o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Lira) mostrou que o percentual de infestação (4,7%) está muito acima do preconizado pelo Ministério da Saúde (1%), em outros municípios da região a situação não é diferente.
O calor e as chuvas frequentes fizeram aumentar a quantidade de criadouros do mosquito transmissor da dengue, o que revela o quadro de alto risco enfrentado por todo o Extremo Noroeste do Paraná.
Mas a dificuldade em reduzir os números da dengue não está somente nas condições do tempo. O principal fator de complicação é o descaso dos moradores. Caixas d’água que não são fechadas corretamente, calhas entupidas, objetos jogados nos quintais sem qualquer cuidado e lixo descartado de forma irregular.
Em São João do Caiuá, por exemplo, foi preciso realizar arrastões de limpeza durante alguns dias. De acordo com informações da 14ª Regional de Saúde, a quantidade de lixo e entulho recolhida é surpreendente. “Tem muita sujeira nos quintais, nas vias públicas e em pontos estratégicos”, disse o chefe da Divisão de Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior.
Não é à toa que a cidade enfrenta surto de dengue. Só para se ter uma ideia, de 20 de julho de 2014 até 8 de janeiro de 2015 foram feitas 116 notificações, com 27 casos positivos e 82 ainda em fase de análise laboratorial. Um morador de São João do Caiuá que contraiu a doença apresentou sintomas graves.
Sordi Junior foi enfático ao dizer que, apesar de apenas São João do Caiuá enfrentar surto de dengue, a situação não é favorável para os demais municípios da região. “Todos têm problemas. Todos têm riscos”, afirmou. Em muitas cidades, o surgimento de novos casos da doença foi ininterrupto ao longo de 2014, ou seja, “se tornou um quadro endêmico”, afirmou.
Números do ano passado (de 1º de janeiro a 31 de dezembro) mostram que, nos 28 municípios de abrangência da 14ª Regional de Saúde, foram feitas 6.296 notificações de casos suspeitos de dengue. Desse total, 3.983 foram confirmados, 2.187 tiveram resultados negativos e 126 ainda estão pendentes.
PARANAVAÍ – No ano passado, Paranavaí teve 555 notificações, com 99 casos positivos, 453 negativos e três pendências. Em 2015 são quatro registros de pessoas com sintomas de dengue. Os exames laboratoriais ainda não foram concluídos. O último caso confirmado foi durante a semana epidemiológica que foi de 16 a 22 de novembro de 2014.
Para executar o Lira, a equipe da Vigilância em Saúde de Paranavaí dividiu a cidade em quatro regiões. A partir daí, visitaram residência para verificar se havia ou não focos de larvas do Aedes aegypti. Quando encontravam, eliminavam. E aproveitavam a oportunidade para orientar os moradores.
A área dos Jardins Santos Dumont e das Américas, o Conjunto Ettore Giovine, o Parque Industrial e o Distrito de Sumaré teve o maior índice de infestação, 6,2%. No centro e no Silvio Vidal, foram 4,7%. Nos Jardins Ouro Branco, Ouro Verde e Morumbi, 4,6%. São Jorge, Simone e Vila Operária apresentaram 3,3% de infestação.
A maior quantidade de criadouros do mosquito da dengue (43,9%) está no lixo descartado de forma irregular, além de garrafas, plásticos, latas e entulhos de construção. Em segundo lugar (com 29,3%) estão os pequenos depósitos móveis e os bebedouros de animais. Caixas d’água, piscinas, tanques e pneus também se revelaram focos do Aedes aegypti.