Presidente da APP-Sindicato fala sobre as melhorias necessárias para o ensino público
Hoje é o Dia do Professor, e para marcar a data, o Diário do Noroeste conversou com Souza para saber quais são as principais dificuldades enfrentadas pela categoria. Ele falou sobre o que precisa mudar, as angústias, as necessidades. Falou também sobre a motivação para seguir lutando por melhorias.
Uma das preocupações é com as condições oferecidas aos alunos dentro das salas de aula. “Em nossa região faz bastante calor, mas não temos ar-condicionado”. Na opinião do presidente da APP-Sindicato, a estrutura das escolas públicas é insuficiente.
A falta de recursos humanos também não favorece o ambiente escolar. Seria preciso contratar mais professores para formar menores turmas de alunos. A grande quantidade de estudantes em um mesmo local prejudica o trabalho dos professores e torna mais comuns as atitudes indisciplinadas.
Com isso, os docentes estão ficando cada vez mais doentes. “Mais pessoas com problemas de saúde, na voz, na audição e até psicológicos, tudo isso adquirido dentro da sala de aula”. Há casos de depressão e síndrome do pânico, relatou Souza.
Com medo de ameaças que sofrem dos próprios alunos, alguns profissionais não querem mais voltar para a escola. Significa que falta segurança para os docentes. O presidente da APP-Sindicato citou o apoio que os estabelecimentos de ensino recebem da Patrulha Escolar, mas destacou que seria preciso investimentos ainda maiores também nessa área. “A violência tem aumentado”.
Mas se engana quem pensa que todas as adversidades provocam desânimo. Ao contrário. “Não temos a solução para tudo, mas enquanto for professor, vou continuar cobrando dignidade, melhorias, reconhecimento da comunidade, reconhecimento do poder público”, garantiu o professor.
Felicidade dos alunos é a recompensa
O brilho nos olhos diz tudo: Solange Maria de Jesus ama a profissão que escolheu e que exerce há 16 anos. Ela é professora. E se emociona quando fala sobre as crianças. “Quando conseguem ler uma palavra e sorriem, eu acredito que são capazes. Elas fazem valer a pena”.
O trabalho que a professora desenvolve todos os dias não está focado somente na alfabetização dos pequenos. Mais do que isso, “a gente acaba ‘adotando’ os alunos. Eles se tornam minha família. Às vezes fazemos o papel de pai, mãe, amiga”.
E a motivação para continuar? A resposta sai facilmente. “É gratificante contribuir com a formação de bons cidadãos, preparados para resolver os problemas da vida e entender o mundo”, assegura Solange. Assim, consequentemente, “serão pessoas felizes”.
Os resultados da dedicação da professora podem ser medidos nas palavras dos alunos. Na sala em que Solange leciona são 26 crianças que ficam na escola em período integral. Elas acompanham os ensinamentos e se divertem ao aprender a ler e escrever.
“É bom estudar. Aprender a ler é o que eu mais gosto”, diz Mateus Reis Domingues, de sete anos. E o que ele acha da professora Solange? “Gosto muito dela, porque quando erro alguma coisa, ela me ajuda bastante”. Caio Pietro Silva de Souza, de sete anos, também é todo elogios à professora. “É bonita e legal. Gosto muito dela”.
Samara de Souza Peres, de seis anos, explica por que gosta tanto da professora: “Ela é legal, carinhosa e ajuda a gente a aprender”. E mesmo Thaila Karoline de Andrade, de seis anos, que gosta de ir para a escola “para conversar”, não tem do que reclamar. “[A professora] não é tão brava e ensina bastante”.
Aí fica fácil gostar de ser professora, não é, Solange? E mesmo com as dificuldades do dia a dia, a mensagem dela para todos os colegas de profissão é de incentivo. “Não desistam. Apesar dos obstáculos, precisamos continuar e contribuir para uma sociedade mais justa e mais humana. Assim, vamos conseguir um mundo melhor” (RS)