Bancários aprovam greve a partir de terça

Os bancários de Paranavaí e região aprovaram a greve da categoria a partir da próxima terça-feira. A decisão foi tomada ontem, em assembleia na sede do sindicato da categoria.
Os profissionais querem 12,5% de aumento salarial.
Proposta patronal é de 7% de reajuste, ou seja, 0,61% acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses. Os empregados e empregadores divergem também quanto à participação nos lucros e resultados, chamada PLR.
A pedida dos trabalhadores é de três salários para cada servidor previsto em contrato mais R$ 6.247,00 fixos, independente do valor do salário. O presidente do Sindicato dos bancários de Paranavaí e região (filiado à CUT), Neil Emídio Júnior, diz que a proposta patronal é de 40% do montante pleiteado.
O piso atual do bancário é de R$ 1.380,25, variando um pouco de acordo com cada instituição financeira. Os empregados defendem piso de R$ 2.979,25. Como lembra Emídio Júnior, este é o valor mínimo para a manutenção de uma pessoa em condições dignas, como aponta o DIEESE – Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos.
O líder sindical diz que a categoria não pleiteia apenas ganho financeiro – as chamadas cláusulas econômicas. Exemplifica que o movimento quer que as agências bancárias atendam das 9 às 17 horas, com dois turnos de trabalho. Hoje o atendimento é das 10 às 15 horas.
Na visão de Emídio Júnior, essa mudança criaria mais empregos e também beneficiaria a população. Ele entende que é possível, especialmente levando em conta o lucro dos bancos no país. “O sistema não atende a sociedade, mas aos banqueiros apenas”, reclama.
O movimento também quer a revisão das metas, julgadas abusivas. Isso, relata, tem provocado problemas de saúde. Um levantamento nacional mostra que 60% da categoria usam algum tipo de remédio, especialmente calmantes e tratamento de depressão. O processo de demissões é outra preocupação da categoria. “Dificilmente um bancário e aposenta”, diz Emídio Júnior, reclamando que os profissionais são demitidos quando apresentam qualquer problema de saúde ou atingem uma determinada idade.
Embora a aprovação da greve não tenha sido unânime, Emídio Júnior entende que há um ambiente favorável para a greve, fruto de todos os problemas relatados. Cerca de 100 profissionais estiveram na assembleia.
Atualmente a região de Paranavaí (36 cidades) conta com cerca de 600 profissionais. Em outros tempos a categoria somou 1.200 pessoas. Dentre os fatores para a redução está o processo de automação dos bancos, complementa.
Mesmo trabalhando na perspectiva da greve, o Sindicato espera uma contraproposta dos bancos até o início da semana. Caso isso ocorra, os profissionais serão chamados para apreciar a nova situação.
No ano passado a categoria também fez greve por melhores salários. Foram 32 dias de paralisação. Como característica das outras paralisações, a greve se dá em etapas, começando por Paranavaí, Nova Esperança e Alto Paraná. “Temos que construir a greve”, finaliza.