“Sou 100% Noroeste e quem conhece minhas raízes sabe disso”, diz Medeiros

Aos 31 anos, o jovem advogado paranavaiense Sebastião Medeiros acredita que a região Noroeste do Paraná tem tudo para se tornar futuramente um verdadeiro polo regional de atração de investimentos, não de dispersão de talentos como acontece hoje em dia.
Para que isso aconteça, deixa claro que o único caminho é ampliar a representação política, apostando em nomes que realmente conheçam a legislação pública e a realidade do sistema político paranaense.
Em entrevista à imprensa, Sebastião Medeiros, que muito jovem se tornou chefe de gabinete da Casa Civil do Governo do Paraná e também da superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), conta um pouco da sua história e fala sobre experiências, avaliações e projeções políticas.

P – Em Paranavaí, há quem pense que a sua primeira experiência profissional foi em Curitiba. O que você fazia aqui antes de decidir se mudar para cursar direito?
Sebastião Medeiros – Trabalhava. Comecei a trabalhar bem cedo. Fui office-boy dos 13 aos 17 anos no Escritório Lupe, na Rua Amapá. O meu cotidiano era dividido entre as aulas no Colégio Nossa Senhora do Carmo e o trabalho de meio período. Naquele tempo, era “pau pra toda obra” [rs].
P – A mudança para Curitiba aos 18 anos o afastou de Paranavaí?
SM – De forma alguma. Sempre estive em contato com Paranavaí. Vinha pra cá sempre que podia. Fazia questão de acompanhar a realidade local através da imprensa, amigos e mídias sociais. Jamais me tornei alheio ao que acontece aqui, muito pelo contrário, a distância até intensifica o interesse. Só saí de Paranavaí porque surgiu uma boa oportunidade de adquirir experiência e uma visão mais ampla da realidade política paranaense. Sou 100% Noroeste e quem conhece minhas raízes sabe disso. Tenho avós, pais e irmãos aqui. Paranavaí é minha terra, onde passei toda a minha infância e adolescência.   
P – Como foi a transição de um escritório de advocacia para o cenário político?
SM – Bom, concluí o curso de direito aos 23 anos e entrei para um escritório de advocacia de Curitiba. Fiquei lá por três anos, até que o meu desempenho me garantiu um estágio na Assembleia Legislativa [AL]. Dois anos depois, o deputado estadual Durval Amaral gostou do meu trabalho e me chamou para assumir a função de assessor legislativo. Em 2006, surgiu o convite para atuar na coordenação jurídica da Comissão de Constituição e Justiça [CCJ],onde fiquei até o final de 2010. Fiquei muito feliz em trabalhar lá porque é a comissão mais importante da AL.
P – Em 2011, você se tornou o chefe de gabinete da Casa Civil do Paraná. Que tipo de aprendizado o cargo lhe proporcionou?
SM – Sem dúvida, um aprendizado muito grande. Foi um desafio pra mim, mas também uma das maiores recompensas profissionais. Digo isso porque tive a chance de conhecer todo o Paraná e também toda a estrutura administrativa do governo estadual. Trabalhando na Casa Civil, você se coloca numa posição de obrigatoriedade em conhecer a realidade de todas as secretarias, diretorias, departamentos e unidades vinculadas ao governo paranaense. O comprometimento tem que ser total. Você acaba vivendo para a sua função. Isso é essencial porque a Casa Civil tem grande responsabilidade sobre a gestão do estado. É gratificante porque você adquire um conhecimento que só é possível a quem ocupa um cargo semelhante ou equivalente.
P – Você assumiu a chefia de gabinete da superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) em 2012. Qual foi o motivo?
SM – Mais uma vez, a certeza de que seria um desafio. Entrei para a administração portuária quando ela estava enfrentando sérios problemas. Até então, a APPA estava trabalhando sob uma legislação ultrapassada, de 1971. Ou seja, era anterior à Constituição Federal de 1988. Mudamos a situação legal da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina de autarquia para empresa privada, o que significou um grande ganho na reestruturação portuária. Como autarquia, a APPA estava passando por uma situação insustentável de descontrole de despesas e morosidade. Foi imprescindível a mudança de regime de direito público para privado. Garantimos mais dinamismo e melhoramos a velocidade dos trabalhos. Além disso, amadurecemos o relacionamento empresarial.
P – Em ano eleitoral, o que uma profunda mudança na representação política pode proporcionar à população de Nova Esperança e região Noroeste?
SM – Pode abrir as portas para a região Noroeste se tornar um verdadeiro polo, algo bastante questionável hoje em dia tanto na cidade, quanto na região e também em Curitiba. Nova Esperança é cidade considerada um polo, no entanto, sabemos que não é de hoje que os jovens deixam a cidade para buscar um futuro melhor em outras localidades, então aí já surge um problema. Nova Esperança precisa ser um polo de atração de investimentos, não de dispersão de talentos. É preciso também garantir um melhor relacionamento com os outros municípios da nossa região. O que prova que isso não vem ocorrendo é o fato de perdemos representatividade junto à Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) há muito tempo. Não culpo ninguém em específico por isso porque é algo que vem de longa data. De qualquer modo, é essencial crescer tanto por dento quanto por fora, e assim estender os benefícios aos municípios da região, não somente Nova Esperança, mas também Paranavaí.  
P – Você acredita que este ano a insatisfação dos eleitores vai repercutir nas urnas?
SM – Quero acreditar que sim. No ano passado, o povo foi às ruas deixar claro aos políticos a dimensão da sua insatisfação. O desejo de mudança não é mais apenas um desejo. Agora é uma necessidade primária. Chegou a hora de fazer a diferença com a maior arma que temos: o voto. O protesto é importante, mas se torna inválido se na hora de votar você contribui para que a situação continue a mesma. Procure conhecer bem os candidatos, pesquise. Não se contente em votar em alguém simplesmente por indicação ou porque lhe fez algum favor antes das eleições. Conformidade não gera transformação. Também não caia na besteira de confiar em candidatos que prometem mais do que o cargo permite. Faça valer a democracia que temos a nosso favor.
(matéria publicada a pedido de Djalma Chiappin Filho e amigo)