Mantega culpa inflação e juros por PIB fraco

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o crescimento de 0,2% no primeiro trimestre ficou um pouco abaixo da expectativa do governo, que projetava 0,3% de alta no PIB do período na comparação com o último trimestre de 2013.
Os dados divulgados pelo IBGE ontem mostraram perda de fôlego na indústria (-0,8%), nos investimentos (-2,1%) e um ritmo mais moderado no consumo das famílias (-0,1%).
Mantega afirmou que os juros mais altos e a inflação causaram a queda no consumo das famílias. Segundo ele, a conjunção desses fatores tornou o crédito caro, impedindo o crescimento do consumo.
"Tivemos um crescimento da massa salarial de 4% nos últimos doze meses, e isso nos dá um potencial de consumo que está sendo segurado pelos juros bancários caro e escasso", disse.
No entanto, o ministro vê como "producente" a estratégia do governo no combate à inflação, com maior esforço monetário – a taxa básica de juros atual subiu para 11% ao ano -, mas com poucos freios fiscais.
"A nossa estratégia é producente ao crescimento. Os juros são um remédio necessário para conter a inflação. Infelizmente, os efeitos são esses. À medida que a inflação cair, haverá uma retomada do consumo".
Segundo ele, a maior frustração se deu no setor de telecomunicações, que caiu 5% no período.
"Acho que deve ter crescido mais. As avaliações estatísticas nem sempre são precisas, e talvez o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revise esse número depois".

Consumo das famílias tem o pior
resultado desde o 3º tri de 2011

Pilar de sustentação do PIB na última década, o consumo das famílias já dá sinais de esgotamento, com patamar elevado de endividamento, rendimento em desaceleração e emprego estagnado. Neste cenário, os consumidores pensam duas vezes antes de gastar.
Outro fator decisivo é a inflação, que corrói os salários – especialmente porque a alta é calcada em alimentos.
Receosos e com menos renda disponível (diante do maior gasto para comprar comida), o consumo caiu 0,1% no primeiro trimestre frente ao último de 2013, quando a alta havia sido de 0,9%. Trata-se do pior resultado desde o terceiro trimestre de 2011.
Em relação ao mesmo trimestre de 2013, o consumo das famílias ainda se mantém em alta, embora num patamar mais baixo. A alta de 2,2% no primeiro trimestre foi a menor desde o primeiro trimestre de 2012, quando a economia vivia um ciclo de baixo crescimento, fechando o ano com expansão de apenas 1%.