Atendimento do SAMU e na Santa Casa de Paranavaí foi discutido durante reunião

Prefeitos e secretários de saúde das 28 cidades que compõem a Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) estiveram reunidos ontem, na sede da entidade, em Paranavaí, juntamente com a direção da Santa Casa, para apontar os problemas no atendimento prestado à população.
A principal reclamação dos prefeitos está relacionada ao atendimento no setor de ortopedia. “Eu tive caso de paciente que ficou mais de 15 dias aguardando por uma cirurgia de ortopedia, esse foi só mais um caso em toda a região”, disse Zé Maria, prefeito de Santa Cruz de Monte Castelo e presidente da Amunpar.
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Para o diretor da Santa Casa, Héracles de Alencar Arrais, a demora nas cirurgias de ortopedia é provocada por alguns fatores, entre eles, o procedimento pré-operatório necessário para a realização das cirurgias.
“Quando o paciente chega com fratura, primeiro tem todo trabalho de combate às infecções, também é levado em consideração se o paciente possui alguma doença crônica como diabetes e hipertensão, que devem ser estabilizadas antes da cirurgia”, destacou Arrais.
Para o diretor da Santa Casa, a baixa resolutividades nos procedimentos médicos nos municípios é outro fator que tem contribuído com a lotação da Santa Casa de Paranavaí.
“A resolutividade na saúde básica e nos procedimentos de baixa complexidade nos municípios é péssima, o que tem contribuído para o congestionamento no atendimento prestado na Santa Casa”, disse Arrais que pediu para que os gestores municipais fiquem de olho e cobrem dos médicos que atendem nos municípios mais comprometimento.
Pouco mais de 10% dos encaminhamentos e pedidos de exames feitos para Santa Casa e CIS/Amunpar são realmente necessários. “O camarada vai jogar bola e torce o pé, no outro dia ele procura o médico na sua cidade que encaminha o paciente para Santa Casa. Esse tipo de problema daria pra resolver no atendimento primário lá no município de origem”, exemplificou.   
Só para se ter uma ideia do problema no setor de ortopedia, no mês de fevereiro de 2014 foram realizadas 121 cirurgias, onde o médico recebe R$ 79,28 por cirurgia.
Os procedimentos de ortopedia representam quase que 50% do total de cirurgias realizadas no mês. “Temos cinco médicos que fazem uma média de 6 a 7 cirurgias/dia, a partir da próxima semana vamos implantar um novo sistema de trabalho com os ortopedistas com objetivo de dar mais agilidade no atendimento e nas cirurgias”, disse Arrais.           
O prefeito de Terra Rica, Mi Molina, levantou outro problema provocado pela demora nas cirurgias de ortopedia.
“Quando o cidadão sofre um acidente e é encaminhado para Santa Casa para fazer cirurgia de ortopedia, a família do acidentado corre para a prefeitura ou procura o vereador na busca de recursos para o atendimento mais rápido, isso tem causado um grande impacto nos cofres dos municípios”, relatou o gestor que sugeriu a elaboração de um documento para ser enviado aos governos do estado e federal pedindo mais leitos para a região.
Questionado sobre a demora no atendimento via SUS e a agilidade no atendimento particular (pago), Arrais falou que os médicos do SUS cumprem sua carga horária e todo o cronograma de cirurgias agendadas para ele durante o dia.
Atendimento via SUS é das 7h às 17h. Já no atendimento particular o médico realiza os procedimentos fora de horário de expediente do SUS, incluindo a madrugada. “Não podemos exigir que os médicos parem de atender o particular e só trabalhem no SUS”.
Também foram apontados problemas no atendimento de otorrinolaringologia e oftalmologia. São apenas três médicos de otorrino e apenas um faz cirurgias.
“Creio que até o fim do ano estaremos com o problema no procedimento de oftalmologista resolvido,” declarou o gestor da Santa Casa.

Atendimento do SAMU também foi questionado
Os prefeitos das cidades que não possuem a base do SAMU (Servido de Atendimento Móvel de Urgência) reclamaram da demora no atendimento.
Foi esclarecido que o primeiro atendimento nos municípios distantes das bases do SAMU, deve ser feito pela equipe médica do município, que deve acionar o SAMU que irá encaminhar o paciente para atendimento em centros médicos especializados.
A prefeita de Planaltina do Paraná, Marisa Madeira relatou que o município já repassou para o SAMU cerca de R$ 35 mil, desde a implantação do sistema na região Noroeste em 2012, e que só foi atendida uma única vez. “Tive um caso onde acionamos o SAMU para deslocamento de um paciente às 9h e só conseguimos ser atendidos às 22h. Os pequenos municípios estão descobertos pelo SAMU”, argumentou a gestora.
A informação é de que o SAMU/Noroeste possui somente quatro ambulâncias avançadas (UTIs) para atender cerca de 1 milhão de habitantes. “Temos a promessa de que novas ambulâncias serão enviadas para o SAMU/Noroeste”, disse a enfermeira Viviane, coordenadora do SAMU/Noroeste.
Outra informação é de que apesar do credenciamento do SAMU junto aos governos do estado e federal, para o repasse de recursos ter acontecido há mais de 15 dias, o dinheiro devido ainda não está na conta do SAMU/Noroeste, que está sendo custeado com repasse dos municípios.