Choque nos preços dos alimentos é temporário, diz presidente do BC

BRASÍLIA – A alta da inflação no Brasil está sendo influenciada neste momento por um choque nos preços dos alimentos, segundo o Banco Central. A instituição diz, no entanto, que esse choque é temporário e que irá agir para garantir que esses problemas fiquem restritos ao curto prazo.
As afirmações foram feitas ontem pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
O IPCA, a inflação oficial do país subiu para 0,69% em fevereiro, acima das expectativas do mercado. As previsões são de uma taxa ainda mais pressionada em março (em torno de 0,80%).
Para os próximos meses, a previsão é de novas altas, diante da pressão do câmbio e das previsões de novas rodadas de aumentos de alimentos, devido a impactos de câmbio e clima.
Tombini afirmou também que parte do efeito do ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic), que começou em maio de 2013, no controle da inflação "ainda está por vir".
Mesmo assim, a instituição continuará vigilante em relação ao IPCA, segundo o presidente do BC, sinalizando que não é possível descartar uma nova alta de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na primeira semana de abril.
EMERGENTES – No início de sua apresentação no Senado, Tombini afirmou também que há uma falsa tese de que as economias emergentes vivem um momento de vulnerabilidade e fragilidade.
Para o BC, a recuperação da economia norte-americana leva a uma mudança na política monetária daquele país, com impactos sobre os mercados internacionais, inclusive nas taxas de câmbio.
Mas o Brasil está preparado para lidar com as incertezas e volatilidades geradas por esse processo, segundo Tombini.
"Não há que se falar em fragilidade com vulnerabilidade da economia brasileira", disse.
O presidente do BC afirmou ainda que a economia do país também passa por uma transição, com mudanças desde 2013 na composição do seu crescimento, com ampliação de investimentos e moderação no consumo das famílias.
"Essa mudança representa maior capacidade de oferta futura”.
Segundo o BC, o cenário de maior crescimento global, combinado com a maior depreciação da moeda brasileira, deve propiciar ganhos para a indústria e a agropecuária.