Faltam recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, em Paranavaí
Voluntário no processo de oficialização da Associação de Pessoas com Deficiência de Paranavaí (APDP), Neil Emídio Junior disse que já presenciou o caso de uma consumidora que não conseguiu entrar na loja onde desejava fazer compras, por não haver rampa de acesso. “É humilhante”, ponderou.
Segundo ele, a situação se arrasta há anos e os avanços são poucos. Para dar uma ideia das dificuldades do dia a dia, Emídio Junior citou o desrespeito de motoristas que estacionam veículos sobre calçadas ou em vagas exclusivas para deficientes e idosos. E fez uma crítica: “Falta fiscalização”.
Atualmente, os deficientes e as pessoas ligadas diretamente a eles somam cerca de 100 milhões em todo o Brasil. E o número não para de aumentar, graças aos acidentes e aos efeitos de patologias. A estimativa feita por Emídio Junior faz parte de outro contexto preocupante: “A sociedade não está preparada para a convivência com as pessoas que têm deficiências”.
As falhas estruturais apontadas até agora são provas da declaração feita por Emídio Junior. Mas o problema vai mais longe. “Desde pequenos, ouvimos que somos café com leite e crescemos acreditando nisso. Depois, temos dificuldades para encontrar emprego, porque faltam oportunidades. É preciso que haja respeito às diferenças”.
CONSCIENTIZAÇÃO – Juntamente a outros voluntários, ele está preparando materiais gráficos para conscientizar a população sobre a importância de haver igualdade de oportunidades. Um dos objetivos é mostrar aos motoristas que as vagas para deficientes devem ser utilizadas exclusivamente por deficientes.
A ideia do folder é chamar a atenção com a frase: “Esta vaga não é sua nem por um minuto”, fazendo menção à desculpa usada pelos motoristas que dizem que deixaram os veículos parados naquelas vagas por pouco tempo.
PROJETO – Emídio Junior também está organizando um abaixo- assinado que pede a elaboração de um projeto abrangente de acessibilidade em Paranavaí. O documento será encaminhado ao Ministério Público Estadual e ao Federal, para que cobrem medidas rápidas e eficientes que beneficiem os deficientes “junto aos locais de acesso público e coletivo, garantindo a dignidade da pessoa”.
FISCALIZAÇÃO – O secretário municipal de Proteção à Vida, Patrimônio Público e Trânsito, Wesley Izidoro, falou sobre a situação de carros estacionados em calçadas e vagas exclusivas para deficientes e idosos. “Temos feito fiscalizações diariamente no centro e nos bairros da cidade”.
De acordo com Izidoro, sempre há reclamações, por isso, a equipe da Diretoria de Trânsito (Ditran) está sempre alerta para identificar e punir os motoristas que não cumprem a lei. A multa para quem estaciona o carro sobre a calçada, por exemplo, é de R$ 127,69, sendo considerada infração grave (cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação).
Prefeitura tem projeto voltado para a acessibilidade urbana
Na tarde de ontem, o secretário municipal de Comunicação Social, Jorge Roberto Pereira da Silva, informou que existe um projeto voltado para a acessibilidade urbana. As mudanças que beneficiam a mobilidade urbana incluem notificações de empresas que não se adequarem, além da reestruturação de prédios e espaços públicos.
Por telefone, tentamos conversar com representantes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas não conseguimos contato. O objetivo era abordar o fato de que todos os dias pessoas com dificuldades de locomoção buscam atendimento no local, mas a calçada próxima ao prédio encontra-se em condições que atrapalham a passagem de pedestres.