Manifestantes fazem passeata contra o fechamento das Apaes

Em uma pequena sala, as professoras realizam exercícios para estimular a locomoção de duas crianças. Elas não conseguem andar, mas recebem atenção especial para que, pouco a pouco, desenvolvam a capacidade que as deficiências mentais e físicas retiraram delas.
Na quadra de esportes, outras crianças correm, caminham sobre barras, pulam entre os bambolês. As atividades da aula de educação física têm efeito direto sobre as funções psicomotoras e ajudam na socialização.
Oficinas de artes e alfabetização também fazem parte da grade curricular da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Paranavaí, uma escola pronta para atender pessoas com deficiência intelectual, múltiplas deficiências ou transtornos mentais.
São 265 alunos, entre crianças, jovens e adultos. Normalmente, são levados à Apae por indicação médica ou por recomendação das equipes pedagógicas de escolas regulares. Mas todos os alunos correm o risco de perder o espaço que têm à disposição diariamente.
É que o Plano Nacional da Educação (PNE), do Ministério da Educação (MEC), prevê o fechamento das Apaes em 2018. O Senado Federal ainda não votou a proposta, mas a preocupação entre pais e professores é grande.
“A medida vai na contramão das políticas de inclusão social”, diz Rosana Barbosa Navarro Ferrari, diretora da Apae de Paranavaí. “Se a escola acabar, não existe outra instituição que a substitua. As escolas regulares não estão preparadas para atender nossos alunos”, afirma.
Na opinião da diretora, é necessário oferecer condições para que os alunos permaneçam estudando. “Para eles, a educação é um processo que passa por repetições: estão sempre aprendendo e reaprendendo. Numa escola regular, as crianças não terão a mesma atenção que recebem na Apae”, destaca Rosana.
MANIFESTAÇÃO – Para chamar a atenção de toda a sociedade sobre o risco de fechamento das Apaes em todo o Brasil, o Movimento Apaeano fará manifestações em diferentes cidades do país. Em Paranavaí não será diferente. “Quem gosta, acredita no nosso trabalho e quiser dar apoio pode participar”, convida Rosana.
A passeata será nesta quarta-feira, com início às 14 horas, na Praça dos Pioneiros. A ideia é percorrer algumas ruas e avenidas da cidade para informar aos moradores sobre a proposta do MEC. Pessoas de toda a região Noroeste participarão da manifestação.
Rosana informa que a votação do PNE será no dia 14 de agosto. Até lá, a intenção é entrar em contato com o maior número possível de senadores para apontar o descontentamento com a proposta. Já no dia da votação, equipes de Apaes de todo o Brasil irão até Brasília para pressionar o Senado Federal.