Número de casos de dengue divulgado em Paranavaí não bate com boletim estadual
Até sexta-feira passada, a Secretaria Municipal de Saúde havia contabilizado 7.993 casos positivos de dengue em Paranavaí, conforme matéria publicada pelo Diário do Noroeste, na edição de ontem.
No entanto, os números são bem diferentes dos divulgados pela 14ª Regional de Saúde, que até ontem registrava 2.505 confirmações.
A distância entre os dados municipais e estaduais acontece porque para cada paciente com suspeita de dengue existe um formulário detalhado a ser preenchido.
Por causa da epidemia de dengue, cresceu o número de pessoas que buscam atendimento médico, e, consequentemente, a quantidade de formulários também aumentou.
Para alimentar o sistema de informações do Governo do Estado, a Secretaria Municipal de Saúde precisa transferir os dados de cada formulário, tarefa que demanda tempo. “Essa parte burocrática é demorada. O sistema [de informações] é trabalhoso”, informou a chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde, Nilce Casado.
De acordo com ela, três servidores estaduais estão auxiliando as equipes da Secretaria de Saúde na transmissão dos dados, apoio que deve acelerar a alimentação do sistema de informações. A expectativa é que dentro de uma semana a diferença entre as estatísticas dos governos municipal e estadual seja zerada ou reduza consideravelmente.
REGIÃO NOROESTE – Dos 28 municípios atendidos pela 14ª Regional de Saúde, 21 enfrentam estágio de epidemia de dengue: Alto Paraná, Amaporã, Diamante do Norte, Guairaçá, Inajá, Itaúna do Sul, Loanda, Marilena, Mirador, Nova Aliança do Ivaí, Nova Londrina, Paraíso do Norte, Paranavaí, Porto Rico, Santa Cruz de Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, Santo Antônio do Caiuá, São Carlos do Ivaí, São João do Caiuá, Tamboara e Terra Rica.
De acordo com os números da 14ª Regional de Saúde, as notificações de casos suspeitos em todo o Noroeste do Paraná somam 7.400, com 3.888 positivos, 519 negativos e 2.993 pendentes.
A chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde, Nilce Casado, disse que há dois pontos positivos nos municípios onde não há epidemia (Cruzeiro do Sul, Jardim Olinda, Paranapoema, Planaltina do Paraná, Querência do Norte, Santa Isabel do Ivaí e São Pedro do Paraná). O primeiro são as ações preventivas do poder público e o segundo, trabalho da população.
Mas para que não haja problemas também nesses municípios, a orientação é que continuem fazendo a limpeza de quintais, empresas, prédios públicos e terrenos baldios, para evitar que surjam focos do mosquito transmissor da dengue.
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Em média, metade dos exames feitos
em laboratórios tem resultado positivo
Fevereiro foi um mês de grande movimento nos laboratórios particulares de análises clínicas de Paranavaí. Por causa da alta incidência de casos de dengue, o movimento diário chegou a dobrar em três estabelecimentos da cidade, mas, pouco a pouco, a demanda começa a diminuir.
O número de atendimentos a pessoas com sintomas da doença chegou a 60 por dia. Deste total, 90% tiveram resultados positivos, segundo estimativas feitas pelos próprios laboratórios.
Cada paciente com suspeita de dengue preenche um formulário, e todas as informações são repassadas para a Secretaria Municipal de Saúde. Os dados são lançados no sistema e passam a fazer parte das estatísticas da doença em Paranavaí.
Atualmente, os atendimentos diários de pacientes com sintomas de dengue somam aproximadamente 30, de acordo com cálculos feitos em alguns laboratórios da cidade. Em média, a metade das análises clínicas aponta resultados positivos.
Ações preventivas contra a dengue devem ser diárias
No quintal de sua casa não há entulho. Você recolhe latas, garrafas e outros objetos que podem acumular água e se tornar focos do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. Significa que o trabalho de prevenção está feito, certo? Errado. Mesmo nas residências onde os moradores fazem a limpeza constantemente ainda é possível encontrar pontos vulneráveis: vasos de plantas, calhas, marquises, ralos e climatizadores são alguns exemplos.
A chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde, Nilce Casado, afirma que grande parte dos imóveis onde são encontrados criadouros do mosquito passa pela higienização correta. Por isso, “os moradores precisam verificar os quintais todos os dias. Os focos podem estar em locais inusitados”, diz.
Nilce explica que repelentes e inseticidas não são suficientes para combater o Aedes aegypti. Para se ter uma ideia, o carro fumacê, que pulveriza o veneno contra o mosquito, tem apenas 40% de eficácia. A solução contra a dengue é a prevenção. “Se não eliminarmos os focos, não vamos acabar com o problema”, enfatiza a chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde.
“Temos batido constantemente nesta tecla, mas a população não está respondendo de forma positiva”, lamenta-se Nilce. Na avaliação dela, se todos fizessem a própria parte, o surto de dengue não teria tomado proporções tão preocupantes como a enfrentada em Paranavaí. Uma das orientações é que os moradores informem à prefeitura quando identificarem problemas, por exemplo, bocas-de-lobo entupidas e terrenos baldios sujos.