Medicamento contra hiperatividade não será distribuído pela prefeitura

Hoje milhares de estudantes da rede pública municipal de educação de Paranavaí estão voltando às aulas. Também a rede privada retoma as aulas regulares e a rede estadual se prepara para a próxima semana.
Em meio a este cenário, preocupa alguns pais a informação de que a prefeitura não vai distribuir medicamento contra a hiperatividade, conhecido comercialmente como Ritalina. O uso não é estimulado pelo Ministério da Saúde.
O secretário de Saúde, Agamenon Arruda de Souza, explica que tal medicamento não faz parte da cesta básica de competência do município, já que se enquadra na chamada média complexidade.
A cesta básica possui apenas os itens da chamada baixa complexidade. Portanto, a distribuição de Ritalina, em caso de necessidade, é do Governo do Estado, através da 14ª Regional de Saúde.
A Regional informa que não há falta do medicamento em sua farmácia. No entanto, as liberações acontecem apenas quando há ordem judicial. O remédio não é padronizado pelo Ministério da Saúde, reforça a farmacêutica Maria Cristina Berti de Sá Cordova. Essa é uma das razões pelas quais a distribuição fica condicionada à determinação da Justiça.
Em Alto Paraná, por exemplo, 186 crianças recebem a medicação em consequência de ação coletiva acolhida pela Justiça. O fornecimento é feito somente com receita médica de um neuropediatra.
Maria Cristina detalha que há questionamentos sobre a eficácia deste produto. Também existem preocupações em relação aos efeitos colaterais. A princípio, sua função é deixar a criança quieta, corrigindo déficit de atenção.
FORNECIMENTO GRATUITO – Até o meio do ano passado o município de Paranavaí fornecia Ritalina gratuitamente para as crianças. Eram 325 pacientes beneficiados, relata Arruda de Souza. As compras chegavam a mais de R$ 41 mil.
Ainda de acordo com o secretário, 20 cápsulas com 10 miligramas custa R$ 22,25. Numa farmácia consultada pelo DN ontem à tarde o valor é de R$ 18,50. O proprietário vê uma redução na venda do medicamento no último ano, possivelmente por conta da postura do Ministério da Saúde.
EDUCAÇÃO – A secretária de Educação, Aparecida Gonçalves, afirma que os professores notam a diferença com a suspensão do medicamento por parte de alguns alunos. Eles têm dificuldade de concentração. Com isso, além de não aprender, a criança pode atrapalhar os demais colegas por conta da hiperatividade.
Já por causa da falta de distribuição gratuita, Aparecida pede que os professores fiquem atentos. Percebendo alterações importantes, os pais devem ser informados e orientados a buscar ajuda médica. Como adverte, só o profissional está habilitado para prescrever medicamentos.
Para a professora, o uso do medicamento deve sempre ser controlado, já que algumas crianças têm problemas emocionais e até falta de limites. Atribuir a solução para um medicamento não é o caminho, reitera.

O que é Ritalina – Nome comercial mais conhecido do metilfenidato, que é da família das anfetaminas.
Uso – É prescrita para crianças acima de 6 anos e adultos portadores de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Efeitos – Age no sistema nervoso central, potencializando a ação dos neurotransmissores noradrenalina e da dopamina, ampliando a concentração.
Efeitos colaterais – Pode causar dificuldade para dormir, alterações no humor, dor de cabeça e até mesmo perda de libido. (Fonte: Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária)