Risco de epidemia de dengue gera preocupação em Paranavaí
Apesar de ainda não haver uma epidemia de dengue no município, o índice de casos confirmados da doença é alto: até ontem eram 64 resultados positivos. Além do crescente número de pessoas doentes, o risco de circulação do vírus tipo 4 preocupa as autoridades em saúde.
Para Nilce Casado, chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde, longos períodos de chuva e temperaturas altas em decorrência do fenômeno climático conhecido como El Niño são esperados para este ano, uma situação de risco que pode agravar os números registrados até agora em Paranavaí. “Na proporção que estamos indo, a expectativa é de que demore até o quadro se normalizar”.
O que pode ser feito para evitar o surto da doença? Qual o papel do poder público? O que a sociedade deve fazer? Este foi o assunto discutido em uma reunião realizada na tarde de ontem, na Prefeitura de Paranavaí. Equipes de diferentes secretarias municipais e profissionais da 14ª Regional de Saúde trataram sobre o tema. O encontro teve a participação de representantes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, do Conselho Municipal de Saúde e da Sanepar.
Para o chefe da Visa, todos precisam trabalhar juntos. Ele afirmou que o trabalho de fiscalização tem sido constante, mas reconheceu que a equipe é pequena para atuar de forma mais efetiva em todos os bairros da cidade. Atualmente, a Visa conta com 42 agentes ativos, dos quais apenas 29 estão nas ruas, no chamado trabalho de campo, mas segundo recomendação do Ministério da Saúde, seriam necessários pelo menos 50.
De qualquer forma, Monteiro explicou que a ação dos agentes não deve ser a única forma de prevenção e combate à dengue. É papel de todos os moradores fazer a limpeza de quintais e dar a destinação correta para o lixo doméstico, para evitar os focos de larvas do mosquito transmissor da doença. “É impressionante a quantidade de larvas que podem ser encontradas em um simples saquinho plástico”, avaliou o chefe da Visa.
“Estamos enfrentando um problema de conscientização”, afirmou o secretário de Saúde, Agamenon Arruda de Souza. Na avaliação dele, se cada morador fizesse a própria parte “não chegaríamos a este ponto. Não pode haver transferência de responsabilidades. Todos precisam colaborar”.
O secretário de Meio Ambiente, João Marques, reforçou o apelo à população. “A dengue não é um problema só do poder público, mas dos empresários e de toda a comunidade. Se o morador vê alguém jogando lixo em um terreno baldio, deve anotar a placa do carro e fazer a denúncia”, exemplificou.
AÇÕES EMERGENCIAIS – Em uma tentativa de reduzir o risco de epidemia de dengue em Paranavaí, o prefeito Rogério Lorenzetti determinou que um mutirão seja organizado no próximo final de semana. A ideia é fazer uma grande mobilização nos bairros com maior incidência de focos do Aedes aegypti para limpar terrenos e conscientizar os moradores sobre a gravidade do problema. “Isso vai mostrar que a situação é crítica”, disse Lorenzetti.
O prefeito pediu o apoio de clubes de serviço, associações de moradores e de toda a sociedade civil organizada para dar força ao mutirão. O trabalho voluntário, opinou, “será fundamental para alcançarmos os resultados que queremos”.
Além da mobilização do final de semana, Lorenzetti determinou que os agentes fiscais da Vigilância em Saúde trabalhem em regime de hora-extra para aumentar o alcance dos serviços desenvolvidos nos bairros. Pediu que todo o maquinário das secretarias de Infraestrutura e de Meio Ambiente esteja disponíveis para as ações de prevenção e combate à dengue.
Outro compromisso assumido pelo prefeito durante a reunião de ontem foi estudar a viabilidade de contratar em caráter emergencial agentes de fiscalização para aumentar a atuação da Visa. “Vamos fazer tudo o que for possível, dentro da legalidade”, enfatizou Lorenzetti.
PULVERIZAÇÃO DO VENENO
A chefe da Vigilância Sanitária da 14ª Regional de Saúde informou que uma solicitação já foi feita para que o governo do estado libere o caminhão fumacê para Paranavaí. Nilce destacou que este é um recurso utilizado quando o surto já está instaurado, mas que a gravidade da situação tem sido o argumento apresentado para requerer o veículo.
Mesmo assim, ela ressaltou que a eficiência do fumacê no combate ao Aedes aegypti é de 40%. Por isso, enfatizou, as outras ações não devem ser interrompidas e a população não pode se acomodar. Enquanto isso, uma das ferramentas empregadas nos trabalhos diários é a bomba costal, que tem efeito pontual na eliminação dos focos do mosquito transmissor da dengue.