Grupo de Esquizofrenia do CAPS II ajuda pacientes a lidar com suas limitações
“Os Grupos de Esquizofrenia têm dado muitos resultados positivos no sentido de ajudar os pacientes a lidar com as limitações da doença, perceber os sinais e buscar ajuda rápida, antes que haja necessidade de internação. Começamos com um grupo no período da manhã, para pacientes intensivos, e desde o início do ano estamos trabalhando com outro grupo para pacientes semi-intensivos e não intensivos no período da tarde”, explica a psicóloga.
O trabalho com o segundo Grupo de Esquizofrenia do CAPS II iniciado este ano, reúne 14 pacientes duas vezes por semana, todas às terças e quintas-feiras. No grupo, a psicóloga discute com os pacientes os sintomas e, em forma de diálogo, eles se ajudam compartilhando as dificuldades do dia a dia e aprendendo a administrar os problemas que aparecem com as limitações inerentes à doença.
“Nosso trabalho é de ajudar a pessoa com esquizofrenia a ter uma vida cotidiana normal, respeitando as limitações que a doença apresenta. Ele consegue viver normalmente, trabalhar, conviver com a família, ter vida social, desde que esteja atento aos sinais que o corpo dá. Nós orientamos que, assim que perceber qualquer mudança, ele já procure a ajuda do médico para que ele não fique exposto a situações de pressão extrema, não chegue ao surto e não precise ser hospitalizado”, complementa Cláudia.
A reintegração de um esquizofrênico na sociedade tende a ser difícil, considerando-se que o transtorno normalmente se desenvolve quando a pessoa já tem profissão e é autossuficiente. Entre os pacientes do CAPS II, a faixa etária é das mais produtivas da vida adulta: entre os 25 e os 50 anos. Associam-se a isso as comorbidades paralelas como as psicoses, ansiedade, bipolaridade, depressão e outras, que dificultam o tratamento, já que o paciente pode apresentar mais de um transtorno.
RESULTADOS POSITIVOS – “É um desafio, pois ainda não há consenso sobre as causas da esquizofrenia. O que se sabe é que o problema é totalmente mental e que, muitas vezes, é acionado ainda na fase da infância, até os 4 anos de idade, que é o período que marca a formação da personalidade. A doença não tem cura, mas é totalmente controlável com os medicamentos corretos e com as orientações e percepção de sintomas, que é o trabalho que fazemos aqui com o Grupo de Esquizofrenia. Os resultados são positivos. Desde o início do ano, já tivemos dois pacientes que ganharam alta porque já são capazes de se cuidar, de identificar as limitações e procurar ajuda por conta própria. No grupo eles recebem todas as ferramentas para conviver com a doença da melhor maneira possível”, conclui a psicóloga.
O CAPS II de Paranavaí atende hoje mais de 320 pessoas com diferentes transtornos mentais, oferecendo acompanhamento psicológico, psiquiátrico, assistência farmacêutica e oficinas de terapias alternativas para o pleno desenvolvimento dos pacientes. O Centro fica localizado na Rua Guaporé, 2.290. O telefone para contato é o 3902-1018 e 3423-2466.
Saiba mais sobre a esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno mental, em geral grave, de grande relevância em termos de Saúde Pública. A doença atinge o adulto jovem, no momento em que está se preparando para sua vida independente. Geralmente a doença inicia-se entre 15 aos 50 anos de idade.
A gravidade e o tipo de sintomatologia podem variar significativamente entre diferentes pessoas com esquizofrenia. Em conjunto, os sintomas agrupam-se em três grandes grupos: delírios e alucinações, alteração do pensamento e do comportamento inabitual e sintomas negativos. Um indivíduo pode ter sintomas de um, de dois, ou dos três grupos. Os sintomas são suficientemente graves para interferir com a capacidade de trabalho, de relação com as pessoas e do próprio cuidado.
As estatísticas mostram que cerca de 1% das pessoas é afetada pela doença, independente de sexo, raça e condição socioeconômica. Isso significa algo em torno de 2 milhões de pessoas com esquizofrenia no Brasil.
Em todo o mundo a OMS estima que este grave distúrbio mental afeta 24 milhões de pessoas (dados de 2011), aproximadamente 0,3% da população mundial.