Um país vulnerável

Rogério Lorenzetti*

A greve de caminhoneiros acabou, mas deixa algumas lições importantes. Uma delas diz respeito à vulnerabilidade do nosso país, em função da dependência do transporte rodoviário.
Fico imaginando uma guerra (hipótese improvável, mas possível), bastaria o inimigo destruir nossas refinarias e o país, em menos de quinze dias, ficaria sem alimentos e logística de transporte suficiente para o abastecimento de itens essenciais.
No caso da Rússia, em uma das guerras travadas, bastou abandonar as cidades sem suprimentos, evacuando a população e queimando os campos. E o exército invasor, sem alimentos e combustíveis suficientes, foi derrotado pelo inverno inclemente.
No nosso caso, seríamos facilmente vencidos, bastando interromper, de várias formas, o fluxo de caminhões necessários ao abastecimento das cidades. O país precisa, até por uma questão de segurança nacional, rever sua logística de transporte de cargas e pessoas.
A excessiva dependência deste meio de transporte, devido à falta de investimentos em outros, fez chegar a esta situação. Agora, passada a lição, compete aos novos governos modificar esta realidade com os investimentos necessários (públicos ou privados) em formas alternativas de mobilidade.
Fazer novas ferrovias, hidrovias e metrôs, além de uma logística diferente para emergências (se é que existe alguma), deve ser prioridade do planejamento estratégico nacional, sob pena de sermos alvo fácil da cobiça interna ou externa.
A lição de casa deve ser iniciada imediatamente pelas forças de segurança e por instituições responsáveis ou delegadas para tanto. Não podemos continuar desta forma, dependentes de uma única forma de transporte.

*Rogério Lorenzetti, ex-prefeito de Paranavaí, período de 2009/2016