Seminário em Paranavaí abordou as preocupações com a terceira idade

Ontem foi realizado no Grande Hotel, em Paranavaí, o primeiro Seminário Geriátrico, organizado pelo SESC – Serviço Social do Comércio. Evento voltado para os integrantes da terceira idade, educadores e profissionais de diversas áreas. O objetivo é formar consciência para o novo momento pelo qual passa o Brasil, com a população envelhecendo.
Neste novo momento uma das ferramentas é a informação. Palestrante do evento, o médico Leandro Minozzo entende que é preciso despertar desde cedo para um envelhecimento saudável. Lembra que o Brasil tem 12% da sua população idosa, cerca de 22 milhões de pessoas. Até 2030 o país será o sexto país em termos de população idosa, ultrapassando os 30 milhões de habitantes.
Por isso, reforça, é preciso investir na prevenção às doenças, visando ter uma população saudável. Questionado sobre a idade correta para procurar um especialista, Minozzo vai além. Propõe que as pessoas tenham sempre acompanhamento médico, ainda que de um clínico geral.
Ocorre que atualmente as crianças têm um pediatra. Depois desse período, há um vácuo na vida adulta até a procura de um profissional. Esse espaço “perdido” pode ser a diferença entre uma velhice saudável ou cheia de problemas. O acompanhamento proporciona cuidados preventivos, eliminando parte das doenças que vêm com a velhice e atenuando os efeitos de outras, fala.
Geriatra e mestre em educação, Minozzo lembra que a geração atual de idosos é pioneira, já que o Brasil sempre foi apontado como um país jovem. Essa mudança veio sem preparo material e mental, até porque não havia um contingente tão grande de pessoas com mais de 60 anos.  
NÚMEROS EM PARANAVAÍ – Projetando a partir de números nacionais, Paranavaí tem cerca de 10 mil idosos. Destes, cerca de 1.500 têm depressão, enquanto outros 700 apresentam alguma demência ou Doença de Alzheimer.  
Algumas posturas terão que mudar, avalia o médico. Para a família, a preocupação com o envelhecimento saudável dos seus membros será uma necessidade. Isso porque uma pessoa incapacitada significa investimento, sem falar que outra economicamente ativa terá que ser designada para cuidar.  
O poder público, por sua vez, terá que criar alternativas para esse novo momento. Uma boa estratégia é a estrutura chamada centro dia, local de convivência para os idosos durante o período diurno. Isso possibilita a redução de problemas, tais como a depressão, avalia o médico. Por fim, também facilita a família, que poderá trabalhar. Resumindo, o médico analisa que será preciso capacitar o cuidador.
Paranavaí possui atualmente dois especialistas em geriatria. A Organização Mundial de Saúde – OMS – recomenda um profissional para cada 100 mil habitantes. Neste aspecto, a cidade estaria enquadrada (tem pouco mais de 82 mil moradores).
Porém, nacionalmente há um déficit. Os números são conflitantes. Vertentes falam em carência de 8.500 profissionais e outras apontam déficit de 5.500 geriatras. Seja qual for o número, parece inatingível, já que anualmente são formados 100 geriatras no país. A solução, propõe Minozzo, é capacitar os clínicos gerais para atender a população idosa.
Especializando em Nutrologia, o médico é também criador da Universidade da Terceira Idade – UNATI-UNISALLE. Com apenas 29 anos de idade, Minozzo diz que optou pela geriatria pelo tipo de consulta. Trata-se de um paciente respeitoso e disciplinado, que cria vínculos com o médico. Aliás, conhecer o histórico familiar faz parte da atividade do geriatra, finaliza.
O Seminário de Geriatria promovido pelo SESC contou com o apoio da Unipar, Grande Hotel, Senac e prefeitura. Profissionais de saúde, assistentes sociais e estudantes marcaram presença. Destaca-se também a participação do Grupo da Terceira Idade, inclusive com animação musical.