Indústria perde R$ 3 bi com greve dos caminhoneiros, diz Campagnolo

CURITIBA – O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, disse ontem que a greve dos caminhoneiros já causou um prejuízo de aproximadamente R$ 3 bilhões para as indústrias do Paraná.
Segundo ele, as medidas deflagradas pelo governo do Estado, com as forças policiais nas ruas, garantindo a retomada do abastecimento, minimiza o problema, mas a normalidade só será reestabelecida em cerca de 15 dias.
Ele manifestou preocupação também em relação à situação geral das indústrias. Segundo Campagnolo, cerca de 90% das indústrias do Paraná, que são micro, pequenas e médias, terão dificuldades para cumprir a folha de pagamento neste final de mês e honrar outros compromissos como pagamento de impostos e duplicatas.
Campagnolo participou de reunião com a governadora Cida Borghetti, no Palácio Iguaçu, na qual foram anunciadas as medidas para a retomada do abastecimento. A governadora agradeceu o apoio do G7, grupo que reúne o setor produtivo paranaense, e disse que a união está sendo fundamental na busca da solução da greve dos caminhoneiros.
O presidente da Fiep destacou a integração de todo o setor produtivo, do Governo do Estado, da Polícia Militar, da Polícia Rodoviária Federal e do Exército Brasileiro na busca da solução do impasse. Ele ressaltou, ainda, que a imprensa também teve papel importante nas ações, mostrando a realidade da população e os impactos que as manifestações têm causado.
“Todas essas forças cooperadas estão sendo fundamentais para garantir o sucesso da operação e a segurança naqueles locais onde havia manifestações que não estavam ligadas às reivindicações trazidas”, disse.
RETIRA APOIO – A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares no Estado do Paraná (FETAEP) divulgou nota retirando apoio à paralisação dos caminhoneiros por conta de seu prolongamento e dos grandes prejuízos causados aos agricultores familiares, especialmente aos produtores de leite, aves, suínos e aos hortifrutigranjeiros.
“Diante do atual cenário de desabastecimento, produtores estão jogando leite fora por falta de transporte aos lacticínios e animais estão morrendo por conta da escassez de alimentos. Há ainda animais que estão em ponto de abate e não estão podendo ser transportados em virtude dos bloqueios e da falta de combustível. E também, em virtude da ausência do transporte, o desabastecimento de frutas, verduras e demais hortaliças nos mercados faz com que os agricultores percam suas produções. Em virtude disso, muitos agricultores familiares não poderão nem mesmo honrar com seus financiamentos bancários de custeio e investimento devido aos prejuízos”, disse a nota da FETAEP.
Para a FETAEP a paralisação vem tomando um rumo político-ideológico, com a inserção de outros movimentos e bandeiras. Diante disso, pede aos agricultores participantes do ato que retirem seu maquinário e liberem as rodovias.
Precisamos voltar a produzir – A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), maior entidade representativa de livre adesão do varejo no Brasil e instituição que administra o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), entendeu como justa as reivindicações dos caminhoneiros. Após o atendimento das principais pautas levantadas pela categoria, os caminhoneiros precisam liberar as rodovias, extinguindo a paralisação.
“Estimamos que, entre os dias 21 e 28 de maio, os setores do comércio e serviços deixaram de faturar, aproximadamente, R$ 27 bilhões devido à interrupção do transporte de carga nas rodovias do país. Com isso, a CNDL e o SPC Brasil avaliam que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) será menor do que o inicialmente esperado em 2018 e poderá ser revisto para algo perto de 2%, inclusive com resultado negativo no consolidado do segundo trimestre”, disse a nota.
“Precisamos voltar a trabalhar. Os setores produtivos, em geral, vêm sendo duramente atingidos pelo prolongamento da paralisação. O varejo, em especial, que gera 63% do PIB e fatura R$ 715 bilhões por ano, é o motor que move o país. Mas como tirar o sustento de prateleiras vazias, sem receber mercadorias, e com os consumidores sem condições de se deslocarem aos estabelecimentos por falta de combustível?”, conclui.