Sem ambições no Brasileiro, Tite luta para motivar equipe
"Na Libertadores era fácil, os caras [jogadores] vinham a milhão, empolgados. Agora, o treinador tem que brigar, cobrar. Vamos incendiar de novo", declarou Tite.
O atual campeão continental, que disputará o Mundial de Clubes em dezembro, inicia hoje, contra o Sport, no Pacaembu, uma série de partidas contra times que brigam na metade de baixo da tabela do Campeonato Brasileiro.
Para quem não disputa o título, tem vaga assegurada na Libertadores de 2013 e está próximo de se livrar matematicamente de uma queda, o Brasileiro nada mais é do que uma contagem regressiva para o torneio do Japão, principalmente em partidas contra equipes menores.
O lateral Fábio Santos não disse exatamente isso, mas admitiu que a atmosfera no vestiário é mais fria nos jogos menos badalados. "O Tite cobra bastante o time a se manter igual. Mas, sem dúvida, em jogos contra Atlético-MG, Fluminense e clássicos, você entra mais concentrado e motivado. Estamos tentando achar um equilíbrio para isso", afirmou o lateral.
Tite ouviu a declaração do jogador e passou o recado.
"Essa resposta vai servir como pauta para a gente avaliar isso tudo. O fogo vai ter de acender de novo, vai incendiar tudo", afirmou.
Tite há tempos fez as contas: com 45 pontos, estará livre da queda. E, então, iniciará definitivamente o projeto do Mundial de Clubes. Dará folga aos jogadores (e a ele próprio), fará testes no time e focará os jogos dos dias 12 e 16 de dezembro, no Japão.
Ou seja, se vencer o Sport, ficará a mais duas vitórias de se livrar definitivamente do Nacional. Mas Tite relata o esforço diário para manter os atletas pilhados.
"O técnico vai incendiar e fazer a cobrança. Vocês acham que está tudo tranquilo, mas não veem lá dentro do vestiário o que o técnico faz. Chego em casa e minha mulher fala que parece que está tudo pior agora", disse.
Depois do Sport, o Corinthians enfrentará Náutico, Flamengo, Portuguesa, Cruzeiro e Bahia. Para Tite, a preparação para o Mundial passa por todos esses jogos.
"Se não chegar lá [45 pontos], vamos retardar todo o planejamento. Quanto mais rápido chegar lá, mais rápido vamos ter todos os atletas à disposição", contou.
Em boa fase, Tite e o Corinthians têm experimentado algo raro na história do clube: a falta de pressão da torcida.
"A maior pressão é saber que quem não jogar vai perder o lugar na equipe. Há uma concorrência intensa", disse o treinador. "Quem vai jogar [o Mundial] eu não sei. O momento de cada um vai determinar, o equilíbrio tático e o momento físico. Intensidade nos treinos é fundamental."