Suspeito de queimar criança com soda nega autoria e diz que foi vítima
O rapaz de 34 anos trabalha com caminhão de transportar lenha. Disse que levantou cedo, anteontem, para ir ao trabalho e teve uma discussão com a mulher, supostamente por ciúmes. Ele informou que determinado momento, ela pegou o frasco que estava embaixo do sofá, abriu e atirou o líquido em sua direção.
A enteada estava próxima e por isso parte do líquido respingou em seu rosto. O lenheiro estranhou a versão da mulher, que disse que tinha a soda em casa para fazer sabão. Uma irmã dele disse que a mulher nunca fez sabão.
O homem conta que saiu de casa de motocicleta após o episódio, ainda com a camisa molhada. Teria ido até a casa de uma tia, onde permaneceu. Ele prestou depoimento ao escrivão Marcos Schiavo e entregou também um CD, com gravações de telefonemas feitos pela mulher na noite anterior e madrugada de ontem, inclusive com ameaças.
Não foi possível para a Polícia ouvir o CD ontem, pois o computador não acusou gravações no material entregue. O homem descarta a volta ao relacionamento com a mulher e antecipa que vai lutar pela guarda do seu filho, um menino de apenas dois anos.
REPERCUSSÃO – O roteiro da história que foi assunto na cidade de Paranavaí e ganhou repercussão nacional tem algumas complicações.
Uma delas é o fato de a própria mulher ter procurado a Polícia para retirar a queixa, informação confirmada por um policial. Ela foi informada que não cabe a ela tal decisão, já que se trata de violência contra pessoas.
Há também insinuações de ameaças, fatos prontamente negados pela defesa. O suspeito já esteve detido por denúncia de violência doméstica, informou a Polícia.
As primeiras declarações dela era de que o homem jogou soda cáustica em sua direção e respingou na criança. Portanto, em nenhum momento, conforme as versões do casal, a menina seria o alvo.
O escrivão Marcos Schiavo fez o encaminhamento para exame de lesões corporais. O exame não será conclusivo para definir quem está dizendo a verdade, mas apenas a extensão das lesões.
Ainda assim, analisa o escrivão, alguns indícios podem ajudar a provar qual versão é a verdadeira. As testemunhas presenciais são crianças com menos de cinco anos, o que inviabiliza a tomada de depoimento, no entanto, outras pessoas deverão ser ouvidas.
Guarda das crianças retirada da mãe
Como medida de proteção, o Conselho Tutelar de Paranavaí retirou a guarda da menina atingida pela soda e de outros dois filhos da mulher. Um dos filhos é fruto da relação dela com o então suspeito. A decisão de retirar a guarda das crianças foi tomada anteontem à tarde, diante da violência verificada.
O presidente do Conselho, Marcos Antônio de Mattos diz que a opção visou garantir a segurança das crianças, já que há uma denúncia de violência e a investigação em curso, inclusive com dúvidas sobre a autoria. Enquanto a situação não ficar esclarecida, as crianças devem permanecer em local protegido, reforça.
Também por questão de segurança, ele não informa para onde as crianças foram levadas e nem se estão sob responsabilidade de instituições ou de familiares. Mattos conclui que o ministério Público foi informado e adotará as medidas adequadas para decisão judicial. A mãe não concorda com a decisão e acredita que pode garantir a segurança das crianças.
ABANDONO DE IDOSOS – Na noite de anteontem a Polícia Militar recebeu a denúncia sobre abandono de um casal de idosos, que não tem como se manter de forma independente. De acordo com a denúncia, a mulher sofre de distúrbios mentais, enquanto o homem é cego. Conforme testemunhas, o fornecimento de água e de luz da casa foi cortado.
Outra situação mais grave foi apontada por moradores de áreas próximas: o filho do casal teria tomado os cartões da aposentadoria de ambos. O casal de idosos depende da ajuda da comunidade para sobreviver, relatam. Os policiais militares orientaram as testemunhas a registrar queixa por abandono na Delegacia de Polícia Civil.
O delegado operacional da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes, informou que até a tarde de ontem não havia recebido qualquer denúncia envolvendo maus tratados contra os idosos que residem no Jardim Ipê.