Estradas da região mantêm movimento, apesar da greve dos caminhoneiros
Desde ontem caminhoneiros de todo o Brasil estão em greve. A paralisação será mantida por tempo indeterminado, até que o governo federal decida negociar com a categoria, que reivindica menores cargas tributárias e o fim do cartão-frete, além de não aceitar as limitações de tempo ao volante proposta para os transportadores.
Diferentemente de outros pontos do Paraná, as estradas de Paranavaí e região não sofreram bloqueios dos caminhoneiros. Polícia Rodoviária Federal e Polícia Rodoviária Estadual não registraram incidentes envolvendo grevistas, e informaram que houve uma pequena redução no tráfego de caminhões.
Segundo a Associação dos Proprietários de Caminhão e Transporte de Paranavaí (Aprocamp), a adesão realmente ficou abaixo do esperado, mas a participação dos transportadores deve aumentar gradativamente.
Segundo os transportadores, a rentabilidade tem diminuído, por causa dos altos custos de pedágio, combustível e manutenção dos caminhões. Outra preocupação é a expectativa de alta no valor do frete, que pode chegar a 20% nos próximos meses. O protesto dos transportadores está sendo coordenado pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro.
JORNADA DE TRABALHO – Uma resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) restringe o tempo dos caminhoneiros ao volante. Para motoristas contratados, são 10 horas de trabalho, e para os autônomos, 12 horas. Também é preciso fazer um intervalo de 30 minutos a cada quatro horas, e um repouso de 11 horas para cada 24 horas.
A alegação dos transportadores para pedir a revogação desta regra é que não há estruturas adequadas e suficientes para abrigar os caminhoneiros.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Paranavaí (Sinditac-Pvaí), Sérgio Thomé, disse que os postos de combustíveis são utilizados como pontos de parada para os caminhoneiros, sem oferecer condições de conforto para que tenham o repouso exigido pela resolução da ANTT.
Greve de caminhoneiros causa problemas em ao menos 4 Estados
Embora caminhoneiros já reconheçam o possível fracasso da mobilização para uma greve nacional convocada ontem, houve registros de bloqueios de rodovias e queda no movimento de caminhões em ao menos quatro Estados, concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país.
Em Minas Gerais, houve quatro protestos em pontos diferentes, com interdições parciais de rodovias federais.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), caminhoneiros fecharam parcialmente o trecho leste da BR-381, próximo a João Monlevade, e também o sentido Rio de Janeiro da BR-040, em Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte).
As manifestações causaram lentidão e, consequentemente, enormes filas nas rodovias. As filas em João Monlevade chegaram a quatro quilômetros nos dois sentidos.
No centro-oeste mineiro e no sul do Estado também foram registrados protestos, porém com menor intensidade. Eles ocorreram na BR-354, em Arcos, e na MG-050, em São Sebastião do Paraíso.
No Espírito Santo, segundo a PRF, os grevistas fizeram bloqueios em pelo menos três pontos da BR-101. Nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Iconha, o tráfego ficou totalmente interditado durante a tarde, por cerca de uma hora. Os bloqueios causaram cerca de quatro quilômetros de filas nos dois sentidos da via.
Em Linhares, o grupo impedia a passagem de caminhões, mas não a de carros e ônibus. Segundo a PRF, os caminhoneiros conseguiam fazer desvios e seguir viagem.
A polícia disse que agia para permitir a passagem dos veículos e que tentava negociar com os grevistas. Não houve conflitos.
Região Sul
No Paraná, o setor mais atingido pela greve dos caminhoneiros foi o de cargas agrícolas, cujo transporte depende quase que exclusivamente de motoristas autônomos – promotores da paralisação.
Na rodovia que leva ao porto de Paranaguá, por exemplo, um dos principais portos graneleiros do país, a queda no fluxo de caminhões foi de 38% em relação ao dia anterior, de acordo com a concessionária Ecovia.
Já no interior do Estado, cujas rodovias levam ao Paraguai e a Mato Grosso (grandes produtores de grãos), houve queda de até 30%. A redução foi maior durante a manhã, já que muitas transportadoras preferiram segurar os caminhões nos pátios até o meio-dia para garantir que não haveria tumultos ou piquetes, o que acabou não ocorrendo.
Segundo o MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), que convocou a paralisação, 14 trechos de rodovias no Estado foram bloqueados parcialmente pelos grevistas, mas não houve engarrafamentos ou depredações.
Caso o movimento se prolongue, as empresas transportadoras temem que haja impacto ainda maior na movimentação de cargas, com risco de desabastecimento – a estimativa do Setcepar (sindicato patronal do Paraná) é que cerca de 50% do transporte de cargas no Estado seja feito por caminhoneiros autônomos. "Mas não tememos adesão em massa, porque mesmo entre eles há um racha", afirma o presidente do Setcepar, Gilberto Cantú.
No Rio Grande do Sul, manifestantes impediram a passagem de caminhões no km 65 na BR-392, entre Pelotas e Rio Grande. Segundo funcionários de um posto próximo, o bloqueio durou cerca de 15 minutos, até a chegada da PRF.