Oito em cada dez brasileiros não se preparam para aposentadoria

SÃO PAULO – O Brasil está envelhecendo rapidamente. Em anos recentes, a população de idosos está ganhando participação cada vez mais significativa em relação aos mais jovens.
Embora a expectativa de vida tenha aumentado nas últimas décadas, a grande maioria dos brasileiros não se planeja, no presente, para garantir sua tranquilidade financeira quando for preciso ou desejar parar de trabalhar.
A pesquisa O Preparo para Aposentadoria no Brasil, realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indica que oito em cada dez brasileiros (78%) admitem que não estão se preparando para a hora de se aposentar enquanto apenas 19% dos não-aposentados têm se preparado, percentual que aumenta para 25% entre os homens, 26% entre os mais velhos e 30% nas classes A e B.
A estimativa levantada pelo SPC Brasil é de que cerca de 104,7 milhões de adultos acima de 18 anos ainda não aposentados não se preparam para esta fase da vida.
“Entre 2005 e 2015, de acordo com o IBGE, a fatia de pessoas com idade entre 0 e 14 anos decresceu de 26,5% para 21,0% do total de habitantes do país; no mesmo período, o percentual daqueles com mais de 60 anos passou de 9,8% para 14,3%. Estima-se que a parcela dos mais velhos possa dobrar nos próximos 24 anos”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Entre os principais motivos que levaram a se planejar para a aposentadoria estão o hábito de planejar a vida a longo prazo (35%) e o exemplo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria (29%).

Orçamento apertado é principal justificativa para não se preparar
Entre os que não se preparam para a aposentadoria, 47% afirmam que não sobra dinheiro no orçamento e 22% que estão desempregados. Outros 19% já começaram a guardar dinheiro com esse objetivo, porém não conseguiram continuar devido a problemas financeiros e 15% têm outros planos e prioridades.
Já entre os que começaram a se preparar, mas pararam de guardar dinheiro, os principais motivos foram os problemas financeiros (36%), desemprego (35%) e imprevistos pessoais e/ou familiares (29%).
Entre estes entrevistados, 22% ainda têm o dinheiro, enquanto 77% já não têm mais – o dinheiro foi utilizado principalmente para pagamento de dívidas (52%), tratamento de saúde (17%) e compras (13%).
A maioria dos que pararam de guardar dinheiro para a aposentadoria pretende voltar (92%), no entanto, 52% ainda não tem uma data definida para isso.
Para parte dos entrevistados que têm outros planos que não englobam reserva para aposentadoria, 56% priorizam a compra da casa própria, 44% os estudos e 27% a compra de um carro.

Brasileiros pretendem se aposentar aos 61 anos
De acordo com o levantamento, a idade média em que os entrevistados começaram a poupar para a aposentadoria é 28 anos.
Em média, os entrevistados pretendem parar de trabalhar e se aposentar aos 61 anos, entretanto, outros 21% pretendem continuar trabalhando de forma integral ou parcial, principalmente porque querem se manter ativos (60%) ou por gostarem do seu trabalho (18%).
Já entre os que pretendem parar de trabalhar quando se aposentarem, 60% pretendem ter um período de transição até a aposentadoria.
As principais atividades planejadas para o período da aposentadoria são viajar (60%), passar mais tempo com os amigos e a família (50%) e ter novos passatempos (42%).
“Foi-se o tempo em que a imagem dos aposentados estava relacionada a indivíduos inativos, vivendo num círculo social reduzido. Atualmente, muitas pessoas que chegam a este período de transição desejam fazer valer suas horas livres; querem reinventar-se, viajar, conhecer pessoas e lugares, desenvolver novas habilidades, enfim: aproveitar a vida ao máximo, realizando planos que, por várias razões, tiveram de adiar ao longo dos anos”, afirma Pellizzaro.
“Qualquer plano, no entanto, engloba gastos que o aposentado precisa estar preparado para lidar.”