Galvão critica despejo de atletas e dirigente do Vermelhinho reage

Dentro do campo, o Atlético de Paranavaí vai muito bem, já classificado para a segunda fase da Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense. Fora do campo, o clube a situação é outra.
Na semana passada, os jogadores foram alvo de ameaça de despejo do hotel onde moram por falta de pagamento por parte da empresa gestora. A imagem dos jogadores deixando o hotel rodou o Estado.
Para o presidente da Câmara Municipal, vereador José Galvão, aquele episódio foi vexatório para o clube e para a cidade de Paranavaí. “É uma vergonha, essa semana fomos destaque negativo em rede estadual em diversos órgãos de imprensa, ridicularizando a cidade por causa do ACP”, disse Galvão na sessão da Câmara, anteontem, lembrando que o hotel cobra apenas R$ 7 de pernoite, por atleta.
Após serem despejados, à tarde, os jogadores foram ao Estádio Waldemiro Wagner e à noite foram aceitos novamente no hotel, após o pagamento da dívida.
“Peço que os diretores deixem o clube se não têm capacidade para gerir o clube. Não podemos ficar passando por essa vergonha. Esses diretores precisam deixar o ACP”, frisou José Galvão, cobrando ainda uma atitude do presidente do Conselho Deliberativo, Francisco Carneiro dos Santos Soares, junto ao grupo gestor. “O Francisco Carneiro precisa ter atitude, como presidente do Conselho Deliberativo precisa rescindir esse contrato (de parceria)”. Conforme anunciado no início do ano, o Atlético de Paranavaí tem contrato de parceria com uma empresa de São Paulo por mais 9 anos.
Por outro lado, o vereador José Galvão elogiou o grupo de jogadores que, “mesmo comendo apenas arroz com frango o tempo todo, estão honrando a camisa do ACP dentro do campo, são pessoas de caráter. Os jogadores merecem nosso respeito, têm caráter porque mesmo sem receber, sem comer bem e sem moradia estão na vice-liderança do campeonato”.
PROTESTO – A ameaça de despejo dos jogadores do hotel também motivou um protesto de torcedores antes do jogo do Atlético de Paranavaí e a Portuguesa Londrinense, domingo, no Estádio Waldemiro. Os torcedores direcionaram o protesto ao grupo gestor pelos problemas existentes desde o início do ano.
“Estamos cobrando melhora no Atlético de Paranavaí, não queremos ver o time nesta situação”, afirmou João Paulo Cardoso Guimarães, um dos líderes da torcida organizada Caldeirão Atleticano. “Mais transparência e menos mentira”, falou o torcedor. Os torcedores levaram faixas ao protesto, exigindo a saída do grupo gestor.
O investidor Enoque José Pereira vê na ação dos torcedores “dedo político querendo despejar intranquilidade no time”. “Salários e outras coisas em dia e a torcida organizada fazendo isso, não entendo”, disse o empresário.
DIRIGENTE RESPONDE – O presidente do Conselho Deliberativo, Francisco Carneiro Soares dos Santos, que está respondendo também pela Diretoria Executiva, distribuiu nota ontem em resposta ao vereador José Galvão e também ao Lucas Barone que, na sessão da Câmara, fez comentários sobre a situação administrativa do clube.
Francisco dos Santos diz que José Galvão falou sem conhecimento sobre a alimentação destinada aos jogadores, deixando nas entrelinhas que o cardápio é bom. Vale salientar, que nos jogos o clube pede aos torcedores a doação de alimentos para entrar na arquibancada coberta pagando R$ 10,00.
O dirigente diz ainda na nota que basta uma pessoa interessada em “ajudar” se apresentar na secretaria do clube, “com garantia real de pagamento de despesas”, que ele entrará na justiça para romper o contrato com a empresa.
Essa garantia seria: recursos para pagamento da folha de pagamento dos atletas e dos funcionários; recursos para as viagens da delegação, de despesa com hotel e arbitragem. “Eu prometo, no mesmo dia, tirar os empresários, de fora, que estão, bem ou mal, pagando as despesas aqui no clube”.
RECONHECE PROBLEMAS – Ao final da nota, Francisco Carneiro Soares dos Santos reconhece que nem tudo está bem no clube ao pedir desculpas aos torcedores.
“Aos torcedores eu peço desculpas, porque se eu falasse que aqui está tudo uma maravilha, eu estaria mentindo. Quando assinamos o contrato (com empresa gestora), erramos todos, mas não foi por maldade e sim por sermos leigos no assunto”.
O dirigente informou ter dois advogados examinando o contrato para um possível rompimento, inclusive está documentando “as coisas erradas” como prova. Cita ele na nota alguns desses problemas: atraso no pagamento do hotel, viagem sendo feita “em cima da hora”; atraso no pagamento das ambulâncias e brigadistas; cinco meses de salário dos funcionários sem pagar (relativo a 2007); “e várias outras coisas”.