Presos acusados da morte do arquiteto Fábio Tranin
Numa ação conjunta, as polícias Civil e Militar de Paranavaí prenderam ontem pela manhã dois suspeitos de participação no roubo que resultou no assassinato do arquiteto paranavaiense, Fábio Tranin, 53 anos, dia 29 do mês passado. Um dos detidos é o autor do tiro fatal.
Um terceiro era considerado foragido, mas se apresentou espontaneamente na parte da tarde.
O homem acusado de ter feito o disparo tem 24 anos, é morador no Jardim Morumbi. Até a apresentação, ontem, ele não tinha confessado o crime, tentando se livrar da culpa, como informa a Polícia. As imagens do circuito de segurança não deixariam dúvidas em relação à autoria.
Na ficha policial do acusado consta passagem por assalto (artigo 157 do Código Penal).
O jovem é citado ainda num caso de desaparecimento. O suspeito seria amigo do proprietário de uma picape e que sumiu após sair para vender o veículo. Nunca mais foi visto e nem houve pistas sobre seu paradeiro. A informação da época foi que se tratava de homicídio e ocultação do corpo.
Sem contar que, mesmo com a negativa do provável atirador até então, o segundo detido confirmou que dirigiu o carro para dar fuga à dupla de assaltantes. Ele alega que não conhecia a vítima e nem sabia o endereço.
O carro dele, um Volkswagen Gol, foi apreendido por decisão judicial (arresto), evitando que possa vender e com isso ter mais condições para eventualmente coagir testemunhas. Esse homem, morador na região do Jardim Maringá, não teria passagens anteriores pela delegacia.
O terceiro acusado acumula passagens e seria usuário de drogas. Ele se entregou à tarde e preferiu não dar declarações, permanecendo calado na tentativa de interrogatório feita pela Polícia.
Todos os mandados são de prisão temporária por 30 dias. Mas, como antecipa o delegado Vagner dos Santos Malaquias, deverá ser pedida a preventiva dos três suspeitos.
TRABALHO DETALHADO – O delegado Luiz Carlos Mânica, chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, disse na entrevista coletiva de apresentação dos suspeitos que o esclarecimento do crime se deve a um trabalho detalhado de investigação e de atuação em conjunto com a Polícia Militar.
Desde o crime, vários indícios foram checados e pistas avaliadas. Nas primeiras 24 horas, 6 pessoas suspeitas foram detidas e seus álibis verificados.
Cruzando informações, foi possível juntar provas que na visão da Polícia, não deixam dúvidas sobre autoria. A investigação tomou o rumo a partir da localização da motocicleta usada pelos assaltantes quando chegaram na casa de Tranin.
O comandante do 8º Batalhão, major Ademar Carlos Paschoal, prefere não detalhar as ações de investigação, pois fazem parte do serviço de inteligência e que poderão ser aplicadas em investigações futuras.
Um momento considerado crucial para elucidação foi a própria cena do crime, com os assaltantes chegando em uma motocicleta com ferramentas de jardinagem.
A prisão dos suspeitos foi decretada há cerca de uma semana, quando a Polícia conseguiu “fechar” a história. Mânica espera agora concluir o inquérito em até 30 dais e mandar para o Ministério Público.
Este caso envolve uma série de fatores. Alguns são coincidências e outros carecem ainda de mais detalhes para serem descartados.
Mânica cita a execução a tiros de um trabalhador rural em Guairaçá, poucas horas antes da morte do arquiteto. O lavrador era filho de um funcionário de Tranin. Apenas coincidência, define a Polícia, pois os casos não têm qualquer relação.
No dia 07 de setembro uma funcionária da casa da família Tranin cometeu suicídio. Até o momento também não existe qualquer pista que possa relacionar os casos.
Porém, a Polícia trabalha para eliminar qualquer dúvida. “Também não há nada neste sentido”, cita o delegado-chefe. É pouco provável o envolvimento de um quarto ladrão (informante, facilitador, etc.), possibilidade ainda não descartada.
Da mesma forma, a única linha investigativa aponta para roubo “comum” e consequente assassinato de Tranin durante a ação criminosa. Os invasores queriam roubar, mas, na hora do crime houve o disparo contra a vítima, que morreu antes de receber socorro.
Nesta versão, o atirador não teria a intenção de matar. A imagem do circuito de segurança mostra o ladrão atirando contra a porta no momento em que a vítima tenta fechá-la. A bala teria desviado, atingindo o arquiteto.
O CRIME – O arquiteto Fábio Tranin foi assassinado com um tiro na manhã do dia 29 de agosto na casa onde morava com a mãe. O portão estava aberto porque três homens faziam uma reforma no imóvel.
Os funcionários foram rendidos pelos ladrões que chegaram em uma moto e inicialmente se passaram por jardineiros. Os pedreiros foram dominados e levados para o fundo da casa.
Foi quando Tranin teria tentado fechar a porta, sendo surpreendido pelo invasor, que fugiu após o disparo fatal. Na fuga a dupla ainda caiu de moto. Também a arma caiu no chão. Aliás, a localização da arma é um dos objetivos da Polícia a partir de agora.
Um dos ladrões teria pego carona com o carro que auxiliou na fuga e outro foi embora de motocicleta, abandonando o veículo momentos depois na Vila City.
O crime teve muita repercussão em toda a região. Fábio Tranin era de família tradicional de Paranavaí e sua morte desencadeou uma passeata pedindo paz, realizada dia 04 de setembro.