A caminho com Jesus… LC 9,28-36

Neste tempo de Quaresma nós seguimos o Caminho de Jesus, Caminho para Jerusalém, onde livremente se entregará pela nossa salvação, (Lc 9,51) também aprendemos como é seguí-Lo como seus discípulos.
A confissão de Pedro e as palavras de Jesus que se seguiram estão no inicio deste Caminho. Depois do grande tempo da pregação na Galileia, esta é uma baliza fundamental: A partida para a cruz e o convite à decisão, que agora distingue claramente o discipulado daqueles que simplesmente ouvem, mas não caminham, marcam especificamente o início da nova família de Jesus – a futura Igreja.
No Batismo de Jesus (3,21-22) de certo modo inicia-se a Revelação: “E estando ele a orar, o céu se abriu” (v. 21), “E veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho minha afeição” (v. 22). Jesus está em oração e as palavras do Pai confirmam Jesus como O Predileto e explicitamente fica investido como Aquele que devia de vir.
Após a confissão de Pedro o primeiro anúncio da paixão, morte e ressurreição. Jesus explica como é tornar-se seu discípulo: “Se alguém quer vir após mim renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. (Lc 9,22-23). A Transfiguração está completamente ligada ao tema anterior a respeito da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, e ao mesmo tempo, existe uma intima relação entre a Escritura e o batismo de Jesus. A relação com a Escritura e definitivamente com o Plano do Pai é determinada pela presença de Moisés (a Lei) e Elias (os Profetas) para dizer que tanto a Lei como os Profetas atestam e aprovam a missão que Jesus está levando à realização. A relação com o batismo de Jesus é dada na voz que se escuta a partir da nuvem, tal como aconteceu no Jordão (3,21s), o Pai confirma válida com sua própria Palavra a opção de Jesus. De maneira que Jesus, ao escolher livremente o Caminho da dor, do sofrimento, recebe o apoio do Pai que ratifica não só Jesus, mas todo aquele que decidir fazer-se seu discípulo. Vem em seguida um segundo anúncio da Paixão. (9,43-45). Em 9,51-56 chegados a este ponto Lucas vai dar início em seu relato a uma nova etapa no ministério público de Jesus. Até então, toda a sua atividade se tinha desenvolvido na Galileia, a partir deste momento tudo vai se assinalar no tema do Caminho que fisicamente o aproximará da Cidade Santa, e espiritualmente o fará amadurecer mais em seu processo de assumir com radicalidade sua tarefa de Messias, de Enviado e Salvador. A opção de Jesus causa escândalo e incompreensão, dos próprios discípulos e daqueles que esperavam um Messias Glorioso, triunfante, poderoso. Isto nos mostrou o evangelho das tentações de Jesus.
O Senhor manifesta a sua glória na presença de testemunhas escolhidas e de tal modo faz resplandecer o seu corpo semelhante ao de todos os homens que seu rosto se tornou brilhante como o sol e suas vestes brancas como a neve. A principal finalidade dessa Transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo. Mas, segundo um desígnio, não menos previdente, dava-se um fundamento sólido à esperança da Santa Igreja de modo que todo o Corpo de Cristo pudesse conhecer a Transfiguração com ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação daquela glória que primeiro resplandecera na Cabeça. A esse respeito, o próprio Senhor dissera, referindo-se à majestade de sua vinda: Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai (Mt 13,43). E o apóstolo Paulo declara o mesmo dizendo: Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós. (Rm 8,18) E ainda: ‘Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo vossa vida aparecer, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. (Cl 3,3-4) A Transfiguração é um acontecimento da oração, torna-se claro o que acontece no diálogo de Jesus com o Pai, o próprio Jesus é luz de luz. O que Ele é no seu mais íntimo, e o que Pedro tentou dizer na sua confissão, tornam-se sensivelmente perceptível neste momento: O SER DE JESUS NA LUZ DE DEUS, a luminosidade própria da sua condição de ser Filho. Sirva, portanto, a proclamação do santo evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido. Ninguém tenha medo de sofrer por causa da justiça ou duvide da recompensa prometida, porque é pelo trabalho que se chega ao repouso, e pela morte à vida. O Senhor assumiu toda a fraqueza de nossa pobre condição e, se permanecermos no seu amor e na proclamação do seu nome, venceremos o que ele venceu e receberemos o que prometeu. (Dos Sermões de São Leão Magno – papa)

Frei Filomeno dos Santos O. Carm