“A corrupção é uma senhora idosa”, diz Dilma após os protestos
"A corrupção é uma senhora idosa e não poupa ninguém. Pode estar em todo lugar, inclusive no setor privado", disse a petista em entrevista coletiva após solenidade no Palácio do Planalto.
O escândalo de corrupção na Petrobras, investigado pela Polícia Federal, abalou a imagem do governo e do PT. O delator e ex-gerente da estatal Pedro Barusco acusou o partido de ter recebido até US$ 200 milhões em propina do esquema.
Dilma prontificou-se a dialogar com todos os setores da sociedade, mas esclareceu que não pode obrigar ninguém a conversar com o governo.
A pauta da corrupção foi central nos protestos de domingo, o que fez o governo procurar respostas para dissipar o mau humor em alguns estratos. Mas, na agenda interna, a presidente renovou apenas uma promessa de campanha: lançar, possivelmente esta semana, um pacote anticorrupção com foco na redução da impunidade.
ECONOMIA – A presidente Dilma Rousseff começou a flexibilizar seu discurso sobre as medidas tomadas no passado para estimular o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e admitiu erros de dosagem na condução da economia.
O governo tem sido pressionado a fazer um mea-culpa sobre a discrepância entre o tom otimista usado nas eleições e o discurso pessimista adotado após a reeleição com o agravamento da situação econômica.
Durante a campanha, a então candidata prometeu não realizar um tarifaço. Nos últimos meses, porém, algumas contas subiram expressivamente, como a da energia e dos combustíveis.
Ontem, em entrevista coletiva após as manifestações de domingo, a petista ensaiou uma autocrítica, mas, momentos depois, relativizou o gesto. Apesar da correção momentos depois, há uma ligeira mudança no tom adotado até agora. Dilma resolveu fazer um duro ajuste fiscal sem admitir, publicamente, erro algum.
"Cometemos erro de dosagem? É possível que a gente tenha cometido algum", afirmou ela a jornalistas para, em seguida, dizer não acreditar nessa hipótese. De acordo com a presidente, eventuais erros tiveram o objetivo de evitar a quebradeira de empresas e o desemprego.
A presidente ainda disse que está aberta ao diálogo, acrescentando que isso demonstra uma postura de humildade. Segundo Dilma, é preciso dialogar, fazer o que precisa ser feito: "Vamos brigar depois".
Dilma diz estar disposta a “dialogar com todos, com humildade”
Pela primeira vez após as manifestações realizadas em todo o país a favor e contra o governo, a presidente Dilma Rousseff fez pessoalmente a defesa de seu governo e seguindo o discurso já apresentado pelos seus ministros afirmou que está disposta a levar um "diálogo humilde" com todos os setores da sociedade.
Dilma disse ainda que o Brasil é um país democrático que se torna cada vez mais "impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso".
"Um país que, diante de convites a aventuras e a rupturas da normalidade política, escolhe o caminho da democracia, do respeito de todos os princípios constitucionais; um país que, amparado na independência e separação dos poderes, na democracia representativa, na livre manifestação popular nas ruas e nas urnas, se torna cada vez mais impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso", afirmou Dilma em discurso durante cerimônia no Palácio do Planalto.
A presidente destacou que ouviu com muita atenção as demandas apresentadas nos protestos e está disposta a dialogar com todos os setores da sociedade. "Vamos dialogar com todos, com humildade mas com firmeza. […] Ouvir é a palavra, dialogar é a ação e o sentimento tem de ser de humildade e firmeza", disse.
Dilma comemorou ainda que as manifestações em todo o país foram pacíficas e sem casos de violência. "No dia em que celebrávamos 30 anos do retorno à democratização, tivemos nesse dia e na sexta-feira uma inequívoca demonstração de que o país de agora é um país democrático que convive para pacificamente com manifestações, ao contrário de muitos países no resto do mundo", disse.
Ainda durante o discurso, Dilma confirmou que apresentará nesta semana um pacote de medidas de combate à corrupção e à impunidade, no entanto, ela não detalhou quais serão as medidas apresentadas.