A corrupta ditadura da coalizão
A população brasileira vive o sobressalto das revelações. Dirigentes das maiores empreiteiras, altos executivos de estatais e personalidades políticas de alto bordo encarcerados ou usando tornozeleiras elaborada para a contenção de bandidos. Dezenas de parlamentares e homens de governo são investigados são investigados e correm o risco de caírem na vala comum dos corruptos.
O novo governo, ainda provisório, é alvo de manifestações daqueles que, afastados, não querem largar o osso. O simplório gravador de vozes constitui hoje uma bomba terrorista que um corrupto reconhecido utiliza para cooptar e aterrorizar personalidades que, supostamente, também têm as mãos sujas.
Teme-se que os corruptos já alcançados pela Justiça, em suas delações premiadas, acabem por entregar seus comparsas até hoje não revelados.
A República brasileira chegou, lamentavelmente, ao seu mas baixo degrau. O quadro revela que o poder tem sido constituído através do assalto aos cofres públicos e da mais sórdida promiscuidade entre aqueles que têm (e deveriam honrar) o sagrado dever de governar e bem representar a coletividade.
Temos de buscar novos paradigmas para restabelecer a saúde político-administrativa e as maiorias governamentais deixarem de ser conseguidas através da propina, da lavagem de dinheiro, da formação de quadrilha e do escambo do voto que, em vez de sagrado, é tratado como mercadoria vil.
A Operação Lava Jato e suas subsidiárias estão prestando um grande serviço à Nação ao revelarem os esquemas criminosos e os seus praticantes que, pelo bem geral, precisam ser varridos da cena político-administrativa nacional.
Espera-se que o Senado Federal decida sem demora sobre o impeachment, para podermos ter um governo definitivo (não provisório) e este tenha representatividade e segurança para promover as reformas que a sociedade reclama.
Nos é dado a ver que o grande mal está no presidencialismo de coalizão, que traz a corrupção na sua gênese. Logo após as eleições o governo dá vantagens aos parlamentares que quer atrair e estes se esquecem do que prometeram ao eleitor, cometendo a primeira corrupção, num sistema viciado, onde quem não adere, é eliminado do meio.
Assim, quem não se corrompe, não sobrevive. Há que se eleger os políticos com base em seus programas de governo e observar rigorosamente a divisão e a harmonia de poderes. O Executivo governa, o legislativo discute as leis e fiscaliza, e o Judiciário garante o cumprimento do ordenamento jurídico.
Sem uma mudança radical na forma de constituir o poder, continuaremos o círculo vicioso da instabilidade que o país vive desde o advento da República. Apesar da corrupção envolver os homens, o principal corrupto é o sistema…
*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)