A Curiosa história do Batom – VERMELHO
Como quase tudo relacionado à beleza e estética, o batom surgiu no antigo Egito.
Mulheres de todas as classes sociais se esmeravam para parecerem mais belas. Nestes rituais de beleza valia tudo: unguentos, perucas, depilação, pedras preciosas ao redor dos olhos e obviamente a evidência dos lábios que, quando mais vermelhos e carnudos, mais atraentes.
Com a descoberta de um pigmento púrpura fabricado em Tiro na Fenícia, as egípcias mais abastadas descobriram uma forma mais prática e rápida de pintar a boca e a indústria cosmética do Egito deu um salto.
“Púrpura de Tyr”, como era chamado este antecessor do batom, era mais ou menos parecido com um MAC ou um Estée Lauder dos dias atuais e infelizmente nem todas podiam tê-lo.
O fato é que desde que alguma mulher esperta percebeu que pintar a boca a tornava mais atraente, o batom ganhou fama e força.
Mas não se tratava apenas de pintar os lábios, mas sim pintar de “vermelho”.
O vermelho atrai porque instintivamente se sabe que lábios e faces ficam corados diante da excitação.
Por esta razão, o batom vermelho foi criticado e até proibido em vários países e épocas.
Na Grécia, apenas as mulheres casadas podiam usar batom já que não estavam mais "disponíveis" e assim, não poderiam seduzir os homens. Alguns estudiosos teorizaram que isto até serviu para alavancar os casórios por volta do século II.
Na Espanha, apenas as mulheres pobres podiam colorir a boca e isto era tido como sinal de más intenções e de mulheres de hábitos “duvidosos”.
Na Inglaterra, por volta de 1770, houve uma proibição pelo parlamento para o uso de pinturas e pigmentos na boca, pois, segundo os parlamentares, “uma mulher de boca pintada era capaz de seduzir e manipular os homens”.
Ah, os homens e seus eternos temores diante dos poderes da mulher… Imagina com batom! E vermelho!!!
Porém, foi também na Inglaterra, no século XVI onde surgiu uma tendência bem interessante: deixar o rosto extremamente branco e os lábios intensamente vermelhos à moda das gueixas japonesas.
Portanto, aparentemente foram os ingleses os primeiros que lidaram bem com a mensagem sutil da sensualidade passada através do batom.
Somente no início do século passado, um perfumista francês de nome Rhocopis criou o baton serviteur ou bastão servidor, que era uma mistura de óleo de amêndoas, talco, essência de frutas cítricas e pigmentos vegetais vermelhos, tudo isto, envolto em uma delicada embalagem de papel de seda. Este batom primordial foi o delírio de atrizes e de prostitutas da época, o que só contribuiu para aumentar o preconceito.
O uso do batom por mulheres “decentes” (segundo os critérios da época) só ocorreu após a primeira guerra mundial, em um momento de restauração dos países, da indústria e da vaidade feminina que finalmente sucumbia aos lábios carmins.
Assim, durante a primeira grande guerra, uma colorante labial em forma de tubo substituiu a embalagem frágil de seda e este foi talvez, o primeiro salto para a aceitação mundial do batom que conhecemos hoje.
A fórmula sólida bem como o formato do batom atual só foi estabelecida em 1930, sendo consagrada primeiramente nos Estados Unidos e partir de lá, para o mundo.
Sobre a forma, também houve polêmica e até tentativas de adaptação das embalagens para que fugissem da sugestão de simbolismos anatômicos e sexuais. Mas o batom acabou se estabelecendo com a forma que hoje é comercializada e a partir do século XX tornou-se item indispensável na bolsa de toda mulher.
Quem diria que um hábito de 5.000 AC seria tão irresistível nos dias atuais?
Provavelmente a primeira egípcia que se pintou jamais imaginaria a repercussão que sua descoberta teria. Ela apenas exercitava sua vaidade, provavelmente queria ficar mais bela para alguém especial e se destacar entre as outras mulheres. Com certeza, conseguiu. O batom fez história, as mulheres se tornaram mais atraentes e os lábios coloridos decididamente vieram para ficar.
Colaboração de Edeni Mendes (Teka)