A escolha do nome Francisco

Mario Eugenio Saturno*

Quando o Papa escolheu por nome Francisco, evocou-se a humildade e a necessidade do “restaura Minha Igreja” ser prioridade deste argentino acostumado a lutar contra políticos hostis e com uma sociedade em transformação. Porém, esquecemos que São Francisco era o irmão explícito da natureza, dos animais, da flora, dos astros celestes. E o Papa Francisco escreve sua nova encíclica mostrando a que veio, em defesa do que Deus nos deu e estamos destruindo. Como o santo, temos um papa ecológico.
O Papa inicia sua Encíclica “Laudato si” (Louvado Seja) explicando o título, uma referência ao que cantava São Francisco de Assis: Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras.
E esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7).
Em 1979, o Beato Papa Paulo VI referiu-se à problemática ecológica, apresentando-a como uma crise que é consequência dramática da atividade descontrolada do ser humano: por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. E, dirigindo-se à FAO, falou da possibilidade duma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial, sublinhando a necessidade urgente duma mudança radical no comportamento da humanidade, porque os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem.
São João Paulo II, na sua primeira encíclica, advertiu que o ser humano parece “não se dar conta de outros significados do seu ambiente natural, para além daqueles que servem somente para os fins de um uso ou consumo imediatos. Mais tarde, convidou a uma conversão ecológica global. E Bento XVI, renovou o convite a “eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente.
E nessa introdução, lembra que noutras Igrejas, Comunidades cristãs, e religiões tem-se desenvolvido uma profunda preocupação e uma reflexão valiosa. Como exemplo particularmente significativo, cita o Patriarca Bartolomeu, com quem partilha a esperança da plena comunhão eclesial.
O Patriarca Bartolomeu afirma a necessidade de cada um arrepender-se do próprio modo de maltratar o planeta, porque “todos, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos e somos chamados a reconhecer a nossa contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e destruição do ambiente. Um convite para ortodoxos, protestantes, evangélicos, muçulmanos, hindus, etc., mas especialmente aos católicos.