A falta de competitividade

Dirceu Cardoso Gonçalves*

A crise brasileira não é só econômica, política ou administrativa. É também estrutural. Prova disso está no estudo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) que indica ser 30% mais caro o produto fabricado no Brasil em relação ao mesmo produzido na Alemanha ou nos Estados Unidos.
Isso ocorre até nas empresas estrangeiras que aqui possuem subsidiárias com linhas e processos de produção idênticos aos da matriz. O sobrepreço decorre de juros, burocracia e carga tributária altos em nosso país e, traz como consequência a falta de competitividade de nossos produtos no mercado internacional.
Fruto do inchaço que sofremos durante as últimas décadas e da falta de disposição do governo, do parlamento e da burocracia para tornar o Estado mais eficiente e menos gastador.
A carga tributária elevada é sentida a todo instante. Veículos aqui fabricados são vendidos a preços inferiores em outros países, o combustível da Petrobras é encontrado pela metade do preço nos países vizinhos e tudo o que consumimos é gravado por elevadas alíquotas de tributos.
Isso sem dizer que, por causa da política econômica leonina, muitos negócios fecharam aqui e abriram na China, no Paraguai e em outros pontos do planeta menos tributados, e hoje seus produtos chegam ao mercado brasileiro a preços inferiores do que se tivessem sido produzidos localmente.
Os empregos que aqui deveriam ser gerados são criados lá fora, enquanto o Brasil amarga mais de 13 milhões de desempregados e um grande número de subempregados e trabalhadores informais.
A impopularidade do presidente Michel Temer e a inviabilidade da candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles podem ser atribuídas às suas tentativas de reformar o Estado. Talvez não fossem as medidas ideais, mas são necessárias para aplacar a gastança da máquina pública.
Os congressistas deram mostras de não quererem reformas e mantém, no próprio Congresso Nacional, uma estrutura de gastos e privilégios que escandaliza a Nação. Estamos chegando às eleições.
É preciso que os candidatos digam claramente o que pretendem fazer para tornar o Estado mais eficiente e menos caro e para, de alguma forma, devolver a empregabilidade ao Brasil. Temos de fazer algo muito urgente para tornar competitivo o nosso parque industrial e, com isso, proporcionar o giro da economia e a volta dos empregos e do bem-estar da população.
Isso é mais importante do que as ideologias que, mesmo velhas e carcomidas, ainda dominam o debate político-eleitoral…

*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo