A liberdade de expressão x a libertinagem da provocação

José Pedro Naisser*

Presidentes, o papa Francisco, reis, primeiros ministros, colunistas, antropólogos, cientistas sociais, pastores, bispos, sheiks, filósofos, milhões de pessoas ao redor do mundo, todos se manifestaram na imprensa mundial – jornais, revistas, televisões e redes sociais – condenando as ações praticadas pelos 3 terroristas que são jovens nascidos na França, de origem Argelina, colonizados pela França, ao jornal satírico “Charlie Hebdo”, onde tirou a vida de 12 funcionários, dentre eles 4 conceituados cartunistas famosos em todo mundo.
O que ninguém falou até agora foi a respeito das enormes diferenças entre a liberdade de expressão com a libertinagem da provocação, como o próprio jornal tinha no seu slogan.
Seus chargistas e cartunistas desafiavam todos os poderes – religiões, profetas, papas, presidentes, ninguém escapava de suas ácidas críticas -, via caricaturas que normalmente incendiava ira e ódio aos que se sentiam ofendidos, principalmente os Profetas e as Religiões, como aconteceu com Jesus Cristo, Maomé, e outros que passaram por suas páginas semanais.
O que vimos com relação ao terrível ataque contra o Jornal Satírico Charlie Hebdo foi o cumprimento da Lei da Causa e Efeito, onde os terroristas, ao terminarem a matança na redação do jornal, gritaram em voz alta, Alá é Grande, e que Maomé estava vingado.
Depois disso foi a indignação mundial que tomou conta das televisões, jornais, redes sociais.
Mais de 100 mil franceses foram protestar na Praça da República em Paris, e a caçada aos terroristas terminou. Mais de 80.000 policiais, logística de guerra foram colocados em prática.
Tem razão o historiador americano que disse que no Século XXI as grandes batalhas não serão entre países e sim um Estado com seu aparelhamento de guerra contra o pior exército que eles querem enfrentar, que é o Exército de 1 ou 2 homens só. Isso pudemos ver também na maratona de Boston com os dois jovens chechênios com cidadania americana.
Veio à tona na França os grandes problemas sociais, como falta de acesso à educação e desemprego, que afetam principalmente os jovens muçulmanos nascidos na França, que são mais de 3 milhões nas periferias de Paris, e são excluídos por não terem acesso ao emprego, universidades, já que seus pais vieram dos países colonizados pela França, como é o exemplo dos jovens argelinos, que acabam sendo recrutados por grupos radicais islâmicos.
O momento agora não é de homofobia ou radicalismo contra os muçulmanos. Se isso acontecer poderá virar o Choque de Civilizações como escreveu em seu Livro, Samuel Huntington.
Apesar dos partidos políticos de direita radicais, já se manifestarem contra a imigração e o fechamento das fronteiras, porém eles esquecem que a França e o Reino Unido são os países que mais colonizaram no Século XIX, e Século XX, onde sempre tiraram seus bônus pelas riquezas naturais, deixando depois da independência o ônus da pobreza e da miséria.
Ao presidente François Hollande e seu povo, sugerimos que busque o diálogo, e uma união a nível mundial com todos os países, e coloque em prática os ideais da Revolução Francesa que é a Liberdade, Igualdade e Fraternidade entre todos os Povos, para que na era das incertezas em pleno século XXI, evitemos esse tipo de tragédia e as intolerâncias raciais, religiosas e imigratórias em todo mundo.