A resposta de Thiago Silva

"Por que você não está jogando com a seleção brasileira se você é um dos melhores do seu clube?" Esta é uma das perguntas que Thiago Silva teve que ouvir por mais de uma temporada, quando ele foi deixado de fora da Seleção no início das eliminatórias da Rússia de 2018, com Dunga à frente da equipe nacional.
E talvez aqueles que viram o zagueiro central subir para cabecear e marcar o primeiro gol que selou a vitória do Brasil sobre a Sérvia (2×0) na quarta-feira em Moscou lembrou dele.
Se acrescentarmos a isso um excelente desempenho defensivo – o que mais importa, como lembrou o FIFA.com – seu período de ostracismo se torna ainda mais incompreensível.
"A sensação é a do dever cumprido, não só pelo objetivo, mas pela fase defensiva que estamos passando. Ficamos muito bem novamente e terminamos outro jogo sem sofrer gols. E em tal situação, quando um jogador pode marcar, ele se sente ainda mais orgulhoso", afirmou.
O Brasil vai enfrentar o México nas oitavas-de-final sem saber o que é perder em 14 jogos. Desde a chegada de Tite, a seleção brasileira apresenta um recorde de apenas uma derrota em 24 jogos, com apenas seis gols contra. Esses números indicam que, além de praticar o futebol atrativo, a equipe sabe se defender muito bem.
Contra uma Sérvia livre de complexos, a melhor maneira de se proteger que os brasileiros descobriram foi a mais vistosa: controlar a posse de bola. Nesse sentido, passaram um primeiro tempo bem tranquilo.
Mas o lado balcânico reagiria ao retorno do vestiário e colocaria seu oponente nas cordas por dez minutos. "As partidas de seleções são assim, você sabe que há momentos em que você vai sofrer. A coisa mais importante é que a equipe sabia como controlar o jogo", disse ele.
DISPERSANDO DÚVIDAS – Thiago Silva fala com a cabeça erguida e os ombros relaxados. Não apenas por conquistar a segunda vitória – algo que a Seleção não alcançou na primeira fase de 2010 – e a subsequente passagem para a segunda fase, mas também para seu próprio retorno pessoal.
Apesar de não atuar contra a Alemanha na semifinal de 2014, o zagueiro teve que ouvir muitas coisas. Sua imagem, a do capitão, chorando no Mineirão após o empate desconfortável contra o Chile se tornou um dos símbolos da campanha.
De repente, um dos melhores zagueiros de sua geração não era mais útil. Esse tipo de coisa pode acontecer em um país onde o futebol é, sem dúvida, muito mais que um jogo.
E a esse respeito, uma de suas primeiras entrevistas coletivas com a atual equipe da Copa será lembrada, quando o Brasil estava concentrado na Inglaterra. Mais uma vez, ele voltou a se abrir sobre a desconfiança que o rodeara. "Quando você não ganha, você chama isso de fracasso", disse ele.
"Eu sou assim [emocional]. Mas o fundamental é que isso nunca me afetou em campo. Eu tento o meu melhor para estar focado para que eu possa exercer a minha função da melhor maneira", continuou Thiago Silva.
E a emoção que ele mostrou em Moscou foi pura alegria, sempre dentro da sobriedade de alguém que sabe perfeitamente até que ponto no Brasil você pode ir da euforia à depressão num piscar de olhos.
É a única explicação para o fato de que um defensor de sua categoria passou tanto tempo fora da seleção. Tite tentou remediá-lo, gradualmente, para colher as recompensas. E já sabemos a resposta para a pergunta. (Fifa.com)